Óleo, arroz e banana foram os produtos que mais aumentaram de preço

| 07/10/2020, 14:36 14:36 h | Atualizado em 07/10/2020, 14:42

A inflação acelerou em setembro para as famílias brasileiras, puxada pela alta de produtos cruciais no dia a dia da alimentação como arroz e feijão Foi de 1,02% para 10,64%.

O Índice de Preços ao Consumidor – que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e dois e meio salários mínimos – ficou em 0,89% no mês passado, contra 0,55% no mês de agosto.

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Regionalizando o cenário, em setembro, a cesta básica de Vitória calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos registrou uma alta de 5,87% passando de R$ 509,45 em agosto para os atuais, R$ 539,36 – a 5 mais cara do País.

Os produtos que registraram as maiores elevações nos preços foram o óleo (29,27%) o arroz (27,71%) e a banana (16,99%) – os dois primeiros, confirmando o cenário nacional, de uso diário nas refeições tradicionais.

Segundo o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, essa inflação atinge mais as famílias de baixa renda, que comprometem uma maior parte do orçamento com a compra de alimentos, grandes vilões da inflação em 2020.

A alimentação já subiu 12,7% nos últimos 12 meses. Isso tem a ver com a desvalorização do real frente ao dólar, o que torna mais cara a compra de milho, soja, trigo – grãos que dão origem a outros alimentos que a gente consome”.

A pandemia da Covid-19, segundo Braz, também tem sua parcela de culpa. “Houve uma mudança de hábito, com mais tempo nas residências a demanda por alimentos aumentou. Além disso, há os efeitos sazonais. Por exemplo, o volume de captação de leite caiu no inverno. O preço das rações também subiu para o setor de aves e suínos. A China anda comprando muita carne do Brasil, desabastecendo o mercado nacional”.

Neste ritmo, o economista Ricardo Paixão acrescenta que, quando o salário é baixo, qualquer mudança na inflação afeta negativamente – ou seja: afetando muito mais as famílias de baixa renda.

“Além de ter um peso muito grande, você tem produtos básicos, como feijão e arroz, com um preço muito elevado. Com a renda pequena, fica muito complicado para essas famílias, sem falar ainda da questão do desemprego”.

Previsão é que preços fiquem altos

O economista Ricardo Paixão explica que a tendência, quando se tem um desajuste no mercado, pelo menos no curto prazo, é que o efeito de crescimento dos preços continue, caso não haja medidas de intervenção.

“A tendência é que esses preços subam um pouco mais com o início da retomada da normalidade, no pós-pandemia. Como não temos um grande estoque para recorrer para frear o aumento, até o final do ano deve ocorrer uma elevação nos preços dos produtos. Com o surgimento de alguma vacina ou a taxa de transmissão diminuindo, os preços começarão a cair em uma velocidade pequena”.

O preço dos importados, explica Paixão, é influenciado pelo aumento da demanda em períodos festivos, como no fim do ano, e a taxa de câmbio, já que quando o dólar fica mais valorizado, mais caro os produtos importados ficam.

“O Real foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo, então é natural que os produtos importados fiquem mais caros por conta disso”, contextualiza Paixão.

O economista Mário Vasconcelos também concorda que os produtos devem continuar com preços altos porque há um procura maior nesse momento, como é o caso da carne.

“Com o dólar a R$ 5,50, o produtor vai preferir vender lá fora, o que diminui a oferta. Enquanto o dólar estiver oscilando em torno de cinco reais, não tenha dúvida de que o preço dos importados também só vai subir. Muitos desses produtos de consumo generalizado demandam a importação de matéria-prima, o que faz o produto final ficar mais caro”, finaliza.


Detalhes


> Entre os itens com maior alta no mês de setembro, comparando com agosto, estão os seguintes:

  • Arroz e feijão: De 1,02% para 10,64%
  • Passagem aérea:  De 2,77% para 39,19%
  • Roupas: De -0,54% para 0,12%

> Aumento na variação de preços: O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) – que mede a variação de preços de produtos e serviços para famílias com renda entre um e dois e meio salários mínimos – ficou em 0,89% no mês passado, contra 0,55% em agosto.
> Em setembro a cesta básica de Vitória registrou uma alta de 5,87% passando de R$ 509,45 em agosto para os atuais R$ 539,36.
> Na avaliação mensal, os produtos que registraram as maiores elevações nos preços foram o óleo (29,27%) o arroz (27,71%) e a banana (16,99%).
> O valor da cesta básica em Vitória representou 55,80% do salário mínimo líquido em comparação aos 52,70% de agosto. Quem ganha um salário mínimo necessitou este mês cumprir uma jornada de 113 horas e 33 minutos para adquirir a cesta.

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