Estado perde mais de 10 mil bares e restaurantes na pandemia

| 28/05/2021, 15:37 15:37 h | Atualizado em 28/05/2021, 16:01

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-05/372x236/estado-perde-mais-de-10-mil-bares-e-restaurantes-na-pandemia-e4bbca62037247ab9519783fd025f847/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-05%2Festado-perde-mais-de-10-mil-bares-e-restaurantes-na-pandemia-e4bbca62037247ab9519783fd025f847.jpeg%3Fxid%3D174745&xid=174745 600w, Restaurante na Praia do Canto fechou as portas, e Mário Deboni manteve apenas a unidade de Bento Ferreira

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus já fez com que, desde o início do último ano, 10.500 restaurantes e bares no Estado fechassem as portas, incluindo restaurantes tradicionais.

A informação é do presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindbares), Rodrigo Vervloet. Ele reclama da falta de apoio que o setor recebeu do governo.

“Precisamos de uma reparação. Fizemos um sacrifício maior do que os outros setores, e não recebemos nada em troca. Antes da crise, éramos cerca de 18 mil. Agora, somos em torno de 7.500. A sociedade tem de nos dar uma mão neste momento.”

É o caso da unidade da Praia do Canto, em Vitória, do restaurante Deboni’s, que estava em funcionamento há 29 anos e fechou definitivamente.

O sócio do estabelecimento, Mário Deboni, explica que o fechamento da unidade era previsto para 2028, mas foi acelerado por conta da pandemia. Agora, só está em operação a unidade de Bento Ferreira, também na capital, que foi fundada há 38 anos.

“Desde 2005 a gente observa uma decadência no setor. Tínhamos sete pontos de venda e, no auge, chegamos a empregar 250 funcionários. Há dois anos a gente mantinha só as unidades de Bento Ferreira e

Praia do Canto, mas já prevíamos fechar a da Praia do Canto e focar só na mais antiga. A pandemia acabou acelerando o processo, porque chegou a um ponto em que não tínhamos mais como bancar as despesas com funcionários.”

Mário Deboni explica que, atualmente, a unidade de Bento Ferreira se mantém com nove funcionários e os cinco irmãos que são sócios e atuam diretamente com o restaurante.

“É uma tristeza, mas pelo menos estamos bem em Bento Ferreira. A unidade foi o primeiro restaurante a funcionar no sistema self-service no Estado. Fomos pioneiros, e mesmo com dificuldades, vamos seguir na luta.”

Outro restaurante que também lidou com o fechamento foi o Canto da Roça, localizado na Praia do Canto, que estava aberto desde 1995. De acordo com o Instagram do restaurante, o fechamento foi em abril deste ano. A reportagem tentou contato para obter mais informações, mas os telefones e o site do local estavam fora de área.

Casas de show não sabem se voltam

O setor de eventos também está sofrendo com as restrições causadas pela pandemia. Somente entre as casas de show com grande capacidade de público, cerca de 50 tiveram de fechar, e não sabem quando ou se conseguirão retornar.

A informação é do diretor regional da Associação Brasileira dos Promotores de Evento no Espírito Santo (Abrape-ES), Pablo Pacheco. Ele diz que algumas conseguiram se adaptar para funcionar como bar ou restaurante, mas que nem todas conseguiram alvará para isso.

Pacheco cita como exemplo seu estabelecimento, o Na Vista, localizado na Enseada do Suá, que agora funciona como restaurante. Há ainda o caso da P12, em Guarapari, que aguarda o fim da pandemia para ser inaugurada.

“Fizemos um grande investimento, e agora não podemos voltar atrás. Era para ser inaugurada em dezembro de 2020, mas estamos esperando a pandemia acabar para conseguir fazer isso”, explica o sócio Leonardo Caetano.

Pacheco explica que há poucos dias apresentou ao governo do Estado um plano de retomada do setor. “É um plano que prevê a retomada gradual, com eventos para 300 pessoas em municípios de risco moderado, e para 500 nos de risco baixo, limitando-se a 30% da capacidade do local”.

Na esfera federal, ele explica que foi aprovado no Congresso um programa de recuperação para o setor, mas que alguns pontos foram vetados pelo presidente Jair Bolsonaro e estão sendo reanalisados pelo Congresso.

Demissão de 36 empregados
O sócio do Ilha Shows, Kaedy Azevedo, planeja realizar reformas no local, que está fechado.

“Tive de demitir 36 dos 42 funcionários, porque não vamos reabrir por agora. Vamos reformar a casa e deixar o ambiente mais aberto e mais seguro.”

Cerimonial há mais de 1 ano sem funcionar
O proprietário do Cerimonial Steffen, Ildo Antônio Steffen, conta que o local está fechado desde março do ano passado.

“É inviável abrirmos para 300 pessoas. O custo para abrirmos é muito elevado, então estou aguardando a situação melhorar, pelo menos para eventos como formatura. Demitimos 18 funcionários e hoje estamos com 14. Temos três shows já pagos que ficarão só para o ano que vem, no mínimo.”

Governo do Estado anuncia medidas para ajudar na crise

Em resposta às demandas dos setores de bares e restaurantes, o governo do Estado se manifestou por meio de nota, citando um pacote de medidas sócioeconômicas lançado recentemente.

“Sobre a demanda de auxílio ou suporte ao setor de bares e restaurantes, informamos que o governo do Estado recentemente lançou um pacote de medidas sócioeconômicas que contemplam Fundo de Proteção ao Emprego, o Programa Bandes de Investimento nos Municípios do Espírito Santo (Procidades), ampliação de linhas de crédito, além de medidas fiscais e tributárias.”

A nota ainda fala sobre o setor de eventos. De acordo com o governo, a proposta enviada pela Abraspe-ES já está sendo analisada.

“O governo do Estado informa que analisa a proposta do setor de eventos de acordo com a situação da pandemia no Estado e o quantitativo de pessoas vacinadas.”

Lives para arrecadar alimentos

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Everaldo Reginatto, sócio da Matrix, em Cariacica, conta que enquanto aguarda o fim da pandemia está fazendo transmissões de shows sem público pela internet.

“Temos estrutura e iluminação, então estamos fazendo com alguns patrocínios. O objetivo com os shows é arrecadar alimentos para a nossa equipe e até para os próprios artistas. Reduzi a equipe de 10 funcionários para dois. A gente vai fazendo o que pode para ir sobrevivendo.”
 

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