Desemprego aumenta e governo estuda incentivo para criar novos postos

| 17/05/2020, 17:05 17:05 h | Atualizado em 17/05/2020, 17:11

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-05/372x236/jose-lino-sepulcri-90f148d3f786c52ba979c7c197d69a8a/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-05%2Fjose-lino-sepulcri-90f148d3f786c52ba979c7c197d69a8a.jpeg%3Fxid%3D122367&xid=122367 600w, José Lino disse  que os comerciantes do Estado tiveram de demitir cerca de 20 mil pessoas  nos últimos 2 meses

Mesmo com as medidas de socorro anunciadas no início da pandemia, o Brasil tem registrado um crescimento na perda dos postos de trabalho. Em abril, foram demitidas 748.484 pessoas, segundo o Ministério da Economia, baseado em requerimentos de seguro-desemprego. O crescimento é de 39,4% em relação a março.

A contrapartida estudada pela equipe econômica é desonerar a folha de pagamento. A declaração foi dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao término de uma videoconferência na quinta-feira com empresários.
No Espírito Santo, o desemprego cresceu e atingiu 238 mil trabalhadores, no primeiro trimestre deste ano, uma taxa de desocupação de 11,1%, contra 10,3% no último trimestre de 2019.

Foram 13.295 empregos perdidos em abril, ficando com a 12ª colocação no ranking de estados. Os setores mais atingidos são o de serviços, principalmente no turismo e no comércio.

Projeções do Ministério da Economia apontam que o Brasil deve encerrar o ano com perda de 3 milhões de empregos. Questionada pela reportagem, a pasta afirmou que por ora não daria detalhes do plano de desoneração.

Segundo o presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio), José Lino Sepulcri, estimativas apontam que o setor demitiu cerca de 20 mil funcionários nos últimos 60 dias.

“Tem lojas que o empresário teve que demitir 25% dos funcionários. Agora estamos no limite mínimo para essa reabertura do comércio aqui no Estado”, diz.

Segundo o economista e analista de investimentos Douglas Pessoa Lima, a proposta de desoneração vem sendo defendida pela equipe econômica bem antes da pandemia. Segundo ele, o empresariado acaba gastando em tributos praticamente o mesmo valor que é pago para o empregado em salário.

“Quase 45% do que incide na folha de pagamento são impostos. É uma demanda antiga dos empresários, e esses custos acabam sendo sempre repassados aos consumidores. Essa proposta certamente virá dentro da reforma tributária”, explica.


Empresários se queixam de não ter acesso ao dinheiro

O acesso ao crédito, principalmente para manter a folha de pagamento dos funcionários no período de pandemia e baixa movimentação econômica, tem sido a principal dificuldade para os empresários.

Para o presidente do Conselho das Relações do Trabalho da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Fernando Otávio Campos, a falta de uma projeção de melhorias na economia torna um risco a obrigatoriedade de manter o trabalhador contratado.

“A principal dificuldade tem sido ter acesso a qualquer linha de crédito. São muitas exigências, seja do governo ou de bancos privados. Os dados comprovam que uma margem mínima do crédito prometido foi distribuída até agora”, afirmou o empresário.

No comércio a dificuldade é a mesma. Após mais de um mês com as lojas fechadas, muitos empresários se viram em dificuldades até para pagar fornecedores.

“Muitos comerciantes, principalmente os pequenos e médios, não têm lastro para se manter sem a loja estar funcionando. Nos preocupa a disponibilidade do governo em oferecer crédito. No dia a dia não está funcionando. Só encontramos barreiras intransponíveis”, disse o presidente da Fecomércio José Lino Sepulcri.


Governo pode dar ajuda até a empresa que demitir

O governo federal deverá reduzir as exigências de manutenção de empregos para as empresas que tomarem empréstimos para pagar salários na linha de financiamento de recursos públicos. A linha só desembolsou R$ 1,5 bilhão dos R$ 40 bilhões previstos.

No plano, há a exigência de que o recurso emprestado corresponda à totalidade da folha do contratante, para financiar dois meses de salários. Assim, o empresário manteria, por mais dois meses, 100% dos contratos.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Economia afirmou que não iria falar sobre a proposta neste momento. Porém, o relator da medida provisória que criou o programa, deputado Zé Vitor (PL-MG), disse que está em negociação com o governo flexibilizar a exigência de manter os empregos.

“Os empresários não conseguem alcançar um compromisso tão grande”, afirmou o parlamentar. Segundo o relator, a intenção é permitir que a empresa tome empréstimo para bancar os salários de apenas parte dos seus funcionários. Assim, o compromisso de estabilidade seria só para o empregado cujo salário for financiado.


SAIBA MAIS
Desemprego

  • O país perdeu em abril 748.484 empregos formais, um crescimento de 39,4% em relação ao mês de março, e de 22,1% quando comparado a abril do ano passado.
  • Os setores mais atingidos pelo desemprego durante o último mês foram o de serviços, representando 41,6% desse total, seguido pelo comércio, com 27,7%, e setor industrial, com 19,9%.
  • No Espírito Santo foram 13.295 empregos perdidos em abril, ficando com a 12ª colocação no ranking de estados.
  • Ainda no Estado, 122 mil trabalhadores tiveram suspensão ou redução jornada de trabalho acompanhada de redução salarial

Fonte: Ministério da Economia

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