Candidatos perdem emprego e aumento por se vestirem mal

Com a pandemia e o home office, aumentou a ocorrência do uso de roupas inadequadas para o trabalho, o que causa consequências

Verônica Aguiar | 08/08/2022, 07:20 07:20 h | Atualizado em 08/08/2022, 07:42

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/120000/372x236/inline_00121462_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F120000%2Finline_00121462_00.jpg%3Fxid%3D371792&xid=371792 600w, Alveriana e Calebe, modelos, mostram exemplos de roupas inadequadas para o ambiente de trabalho, sob o olhar da especialista Janaína Gurgel
 

“Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher.” A frase da estilista francesa Coco Chanel evidencia como a imagem é uma forma poderosa de comunicação. 

Ela transmite muitas informações sobre um profissional, principalmente sobre sua personalidade e forma de representar a empresa para a qual trabalha. Contudo, nem todos têm essa percepção e há empregados que perdem aumento de salário e até o emprego por se vestir de forma inadequada. 

A  consultora de imagem profissional Janaína Gurgel revelou que, com isolamento social imposto pela pandemia, muitos colaboradores se acostumaram a se arrumar “só da cintura para baixo”, para as reuniões online.

“Depois de dois anos dessa forma, os profissionais voltaram para o ambiente de trabalho muito perdidos. Não sabem mais o que está adequado e o que não está”, frisou a consultora.

A convite de empresas, ela dá treinamentos sobre o código de vestimenta corporativo. “São vários os casos de colaboradores que perderam oportunidades de subir na carreira porque a forma que se vestiam não era compatível com os valores da empresa”, revelou.

Entre os looks inadequados utilizados para o trabalho estão roupas com decote exagerado como a vestida, a pedido da reportagem,  pela modelo Alveriana Tagarro Tomaz, 25. Outro erro são as roupas amassadas como a camisa usada pelo modelo Calebe Rodrigues, 25, que denota desleixo.

Segundo Janaína Gurgel, o profissional pode chegar a perder o emprego, mas nunca vai saber que foi por isso. “Teoricamente, quando decidimos trabalhar em uma empresa, nos tornamos embaixador daquela marca. Implicitamente, precisamos zelar por isso”.

A diretora de comunicação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-ES) Herica Gomes destacou: “É importante pensar, como vou me vestir para representar minha empresa?

Cabe à liderança da equipe, nesses casos, dar o exemplo: “Se ele vai trabalhar de chinelo, bermuda e camiseta, está dando autorização para a equipe ir da mesma forma.”

Mais do que ser bom profissional, no mercado de trabalho hoje é preciso também parecer ser bom, conforme a especialista em pessoas, carreiras e imagem Gisélia Freitas.

Cérebro forma a primeira impressão rapidamente

Metade de um minuto. Esse é, em média, o tempo que cérebro humano leva para formar a primeira impressão a respeito de alguém, conforme apontado por estudos científicos.

Depois que o cérebro faz essa leitura, dificilmente o ser humano  tem a oportunidade de ter uma segunda impressão, de acordo com a  especialista em pessoas, carreira e imagem Gisélia Freitas.

Quem está se dedicando ao trabalho, mas não se veste adequadamente, não será notado, na opinião dela. “A empresa quer associar o seu nome a um profissional que passa uma imagem adequada. Se vestir inadequadamente é falar que não está pronto para uma promoção”, alertou.

Ela explicou que as vezes o colaborador está fazendo um esforço para mostrar profissionalismo, mas sua imagem contradiz seu esforço.

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“Sua vestimenta está passando outra informação para o mercado. No processo de comunicação, a vestimenta representa pelo menos de 30 a 40% da mensagem que está sendo passada”.

Além de perder oportunidade de emprego e até promoções, vestir-se de forma inadequada dificulta até mesmo receber indicações para novas oportunidades, segundo o consultor empresarial Elias Gomes.

“As pessoas se sentem mais confortáveis em indicar alguém que tem cuidado com a imagem pessoal. De certa forma, ela está levando consigo o endosso de quem faz a indicação”, ponderou o consultor.

SAIBA MAIS

Roupa social nem sempre é necessária

O que a imagem pessoal diz sobre o profissional?

- A imagem pessoal é uma forma de comunicação que antecede as palavras. Ela transmite informações sobre a personalidade do colaborador, além de evidenciar se ele está ou não integrado à cultura organizacional.

- Mostra se ele tem ou não preocupação em relação a como está representando a empresa na qual trabalha. Além disso, sua forma de se vestir e sua postura são capazes de alterar o seu próprio estado emocional.  

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O que é se vestir adequadamente?

- Se vestir adequadamente não significa estar de roupa social. Significa estar vestido de acordo com o tipo de trabalho que desempenha, em harmonia com a cultura organizacional da empresa onde trabalha.

- Para os profissionais que tem contato direto com o público, esses cuidados devem ser redobrados. Afinal, eles representam a empresa e estão em evidência. Já para aqueles que não tem contato direto com o público, a exigência tende a ser mais branda.

Treinamento sobre imagem pessoal 

- Na volta do home office, algumas empresas estão oferecendo treinamentos para seus funcionários, em relação a imagem pessoal. Especialistas apontam que há casos de demissão e até mesmo de perda de oportunidade de promoção por parte de profissionais que não cuidam da imagem pessoal e se vestem de forma inadequada.

- Entre os códigos de vestimenta estão o formal, informal e o business casual, que é o meio termo entre os dois primeiros.

Fonte: ABRH, Janaína Gurgel, Gisélia Freitas, Raphael Ruffo, Elias Gomes.

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