Candidata é reprovada em vaga de emprego por causa do cabelo

| 23/08/2021, 12:23 12:23 h | Atualizado em 23/08/2021, 15:52

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-08/372x236/thauane-relatou-situacao-de-discriminacao-que-viveu-em-uma-selecao-b840ed8e330b2b9a6b601879aca612d5/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-08%2Fthauane-relatou-situacao-de-discriminacao-que-viveu-em-uma-selecao-b840ed8e330b2b9a6b601879aca612d5.jpeg%3Fxid%3D185574&xid=185574 600w, Thauane relatou situação de discriminação que viveu em uma seleção
O racismo nas seleções de emprego, na maioria das vezes, aparece de forma velada. Mas quem recebeu “aquele olhar” ou ouviu perguntas como “esse currículo é seu mesmo?”, está cansado de identificá-lo.

Foi em uma entrevista de emprego que a estudante Thauane Martins Lima, 26, percebeu sutilmente, observando o olhar do recrutador, porque não conseguiu a vaga. “Não fui contratada por causa do meu cabelo crespo”, contou.

Ela destacou: “Tenho competência e habilidades para exercer o meu trabalho. E, infelizmente devido à minha cor sou discriminada”.

O que ela busca é simplesmente um processo seletivo isento e justo. “Não vou alisar o meu cabelo para manter um padrão porque o mercado quer. É um apagamento da minha história e identidade. O que deve ser julgado é que eu estudei e não as minhas características físicas”, ressaltou.

E desabafou: “É horrível isso porque maioria da população brasileira é preta e parda, segundo os dados do IBGE”. E destacou que mesmo assim, na hora da seleção, o que buscam é um padrão europeu.

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O pedagogo Abraão Nicodemos Ndjungu, 34, revelou que são várias as situações de racismo que já enfrentou em entrevista de emprego e relatou algumas delas.

“Uma vez, mandei meu currículo e o empregador me chamou para entrevista interessado demais. A pessoa me ligou toda empolgada, disse que eu poderia até levar a minha carteira que era certo”.

Quando ele chegou para entrevista, já foi olhado com estranheza pela recepcionista, que chamou o responsável pelo processo seletivo. “O responsável queria me dispensar lá de fora mesmo. Mas acho que ficou meio sem jeito, me chamou na sala e disse que me retornava. Nem sentar direito a gente sentou. E não me retornou até hoje”.

Ele explicou que percebe que não passa pela cabeça dessas pessoas que as pessoas pretas podem ocupar cargos mais qualificados. “Elas sempre nos veem em cargos que exigem menor qualificação”.

Ele revelou que em outra situação, em uma entrevista pelo zoom, chegaram a questionar se ele era ele mesmo. E já chegaram até a perguntar se ele realmente tinha a qualificação descrita no currículo. “Todas as vezes que as pessoas tiveram essa reação, não fui contratado”, contou.

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