Sinusite não tratada pode afetar ossos e até cérebro

| 13/07/2020, 19:32 19:32 h | Atualizado em 13/07/2020, 19:48

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-07/372x236/medica-christiane-saliba-4cb786eee2123a87a37f4d0c710ec167/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-07%2Fmedica-christiane-saliba-4cb786eee2123a87a37f4d0c710ec167.png%3Fxid%3D131874&xid=131874 600w, Christiane Saliba destaca tratamento precoce contra complicações

A sinusite afeta primeiramente a mucosa nasal e dos seios paranasais (acima e ao lado do nariz). Entretanto, em casos mais graves, a infecção pode se espalhar e afetar os olhos, os ossos e até o cérebro.

Por isso, é extremamente importante procurar tratamento adequado com um médico sempre que apresentar sintomas de qualquer doença. No caso da sinusite, ou rinossinusite, o otorrinolaringologista é o especialista indicado.

De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), de 15% a 20% da população mundial sofrem de sinusite. Se a doença não for tratada corretamente e se agravar, se faz necessária internação e até intervenção cirúrgica.

O AT em Família entrevistou a otorrinolaringologista Christiane Saliba Helmer para esclarecer os riscos de negligenciar a rinossinusite e orientou sobre como aliviar o incômodo da inflamação com segurança.

A médica é mestre em ciência - patologia das doenças infecciosas e presidente da Associação de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Espírito Santo.

Que complicações podem ser resultados da sinusite?

As complicações se dividem em orbitárias, como celulites periorbital e orbital, abscessos subperiosteal e orbital, e trombose do seio cavernoso; intracranianas, como meningite, abscessos extradural e cerebral; e ósseas, como osteomielites e tumor de pott.

Como é o tratamento da sinusite em casos leves e graves?

Nos casos leves de rinossinusites virais, o tratamento é feito com medicamentos para aliviar os sintomas, lavagem nasal e hidratação abundante. Para as bacterianas, com uso de antibióticos específicos. Nos casos graves, como nas complicações e nas rinossinusites crônicas, se faz necessária internação, intervenção cirúrgica e antibiótico de amplo espectro.

Como orientar quem tem episódios frequentes?

O paciente deve ser submetido a uma história clínica detalhada, a um exame físico minucioso e, se necessário, a exames complementares, tais como videonasofaringolaringoscopia, testes alérgicos e estudo tomográfico dos seios paranasais, entre outros.

Automedicar-se pode agravar o quadro?

Orientamos sempre evitar a automedicação. Atualmente, durante a pandemia da Covid-19, podemos verificar que muitos sintomas da rinossinusite também estão relacionados a essa infecção. O médico é o profissional capaz de diferenciar e fazer o diagnóstico para tratar precoce e adequadamente.

Além da medicação, o que pode ser feito para aliviar o incômodo da inflamação?

Ingerir muito líquido, fazer lavagem nasal com soro fisiológico ou com spray nasal em jato contínuo (solução de cloreto de sódio 0,9%), se alimentar bem e descansar.

Soros para congestão nasal podem viciar?

Vasoconstritores nasais de uso tópico podem causar problemas de saúde devido ao uso inadequado e excessivo, como a rinite medicamentosa, redução na resposta do medicamento ou congestão nasal de rebote, em que o próprio remédio causa a congestão nasal.

Essa prática só tende a agravar o problema da congestão nasal, em vez de curá-la. Assim, o uso indevido desses medicamentos pode levar à farmacodependência.

A sinusite pode causar dor no ouvido?

A presença de secreção nas narinas pode favorecer a entrada de secreção no ouvido médio e ocasionar dor e/ou pressão, representando o desenvolvimento de um quadro de otite.

É frequente quando o paciente assoa as narinas. Orientamos evitar assoar o nariz. Se for necessário, assoar sem ocluir as narinas e com a boca aberta.

Por que é mais comum no inverno?

Por uma combinação de fatores como temperatura baixa, ar seco e pessoas aglomeradas em ambientes fechados, o que deixa a população mais suscetível à proliferação de vírus e bactérias causadoras das infecções.


Saiba mais


Viral ou bacteriana

  • A infecção pode ser causada por vírus, bactérias, fungos e pode estar associada à alergia.
  • Na viral, a transmissão geralmente ocorre por contato com superfície e/ou ar contaminados. Sintomas duram até 10 dias e/ou não apresentam piora de 5 a 7 dias.
  • A bacteriana é mais grave. Sintomas persistem por mais de 10 dias, com piora após 5 a 7 dias.

Fique por dentro


  • A sinusite geralmente é acompanhada pela rinite, então há o entendimento de que são doenças em continuidade. Por isso são designadas em conjunto, sendo chamadas de rinossinusite.
  • É uma doença infecciosa da mucosa nasal e dos seios paranasais.
  • A infecção pode se estender para as regiões orbitária (dos olhos), cerebral e meninges, acometendo os ossos da face.
  • Os sintomas são dor na arcada dentária superior, dor ou pressão facial, congestão ou obstrução nasal, secreção nasal ou pós-nasal, diminuição ou ausência de olfato, febre, dor de cabeça, mau hálito, fadiga, dor de ouvido, tosse e irritação na garganta.  

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