Reitor diz que divisão vai enfraquecer a Ufes

Paulo Vargas diz que decisão do governo federal de transformar campus de Alegre em uma nova universidade será ruim para a Ufes

Rafael Gomes | 20/10/2021, 14:59 14:59 h | Atualizado em 20/10/2021, 21:04

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“A divisão da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vai resultar em duas instituições: uma enfraquecida e outra sem capacidade de se desenvolver”. 

A declaração é do reitor da Ufes, Paulo Vargas, diante da decisão do presidente da República, Jair Bolsonaro, de desmembrar o campus de Alegre para criar uma nova universidade no Sul do Estado.

Chamando o campus de Alegre de “puxadinho”, Bolsonaro anunciou que o Ministério da Educação já fez o planejamento para a criar a nova instituição, que será anunciada oficialmente “nos próximos dias”, segundo o Presidente. 

O reitor criticou a forma como o assunto vem sendo conduzido, já que a Ufes não foi procurada pelo governo federal para conversar sobre a divisão. Vargas afirma que a divisão será ruim para a Ufes, que perde um campus importante, e para a possível nova instituição, que não teria condições financeiras para se manter.

“Temos o risco de constituir uma nova universidade de porte muito reduzido, com pouca capacidade de se movimentar e fazer ações de desenvolvimento local. Ficarão com dificuldade de disputar recursos. Isso é preocupante. É irresponsável levar um projeto dessa natureza sem fazer estudos técnicos para garantir que essa universidade possa caminhar com as próprias pernas”, afirmou o reitor.

Vargas ressaltou que a Ufes já vem sofrendo cortes de orçamento por parte do governo federal. Com isso, ele não acredita que haveria investimento forte na nova universidade. Ao anunciar a nova instituição, inclusive, Bolsonaro ressaltou que “gastaria muito pouco”. 

“Não há confiança de que a nova universidade terá apoio necessário.  É um campus que já convive com dificuldade, e que se beneficia do sistema de toda universidade. Uma nova universidade não se cria sem investimentos para viabilizar condições necessárias”, disse o reitor.

O que Bolsonaro chama de “puxadinho” são os centros de Ciências Agrárias e Engenharias e de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde. No campus, são ofertados, atualmente, 17 cursos de graduação, oito de mestrado e três de doutorado para 4 mil estudantes.

“Seria uma perda grande, pois a Ufes é uma instituição de porte médio que busca se consolidar com mais qualidade. Sem os centros de Alegre, ficamos menores, perdemos eficiência”, destacou o reitor.

MEC não se pronuncia

A reportagem de A Tribuna procurou o Ministério da Educação (MEC) para saber como está o planejamento para a criação da nova universidade no Sul do Estado, já anunciada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

Foi questionado, ainda, se a mudança terá impacto na Ufes, e se a nova instituição teria uma oferta maior de cursos e vagas. A reportagem também buscou saber se já há previsão, no planejamento, de uma destinação de recursos. Não houve retorno até o fechamento desta edição.

SAIBA MAIS

Campus tem 4 mil alunos

Como é hoje

- A Ufes possui quatro  campi: dois em Vitória (Goiabeiras e Maruípe), um no Sul do Estado (Alegre) e um no Norte (São Mateus).

Campus da Ufes de Alegre

- O Campus oferta 17 cursos de graduação, oito cursos de mestrado e três de doutorado para 4 mil alunos.

- São dois centros de ensino: Centro de Ciências Agrárias e Engenharias  e Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, com atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Como ficaria

- O Campus de Alegre passaria a não responder mais à Ufes, tornando-se independente.

- A unidade ganharia o nome de Universidade Federal do Vale do Itapemirim (UFVI).

- O governo federal não divulgou como a nova universidade funcionaria, na prática, e não detalhou se haveria novos cursos ou mais vagas nos já existentes.

Fonte: Ufes e  presidente da República, Jair Bolsonaro.

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