Professora conta histórias onde o celular não entra

| 15/12/2019, 16:44 16:44 h | Atualizado em 16/12/2019, 06:39

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2019-12/372x236/professora-conta-historias-onde-o-celular-nao-entra-9332192b6a4287206f681f2d4fc56c85/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2019-12%2Fprofessora-conta-historias-onde-o-celular-nao-entra-9332192b6a4287206f681f2d4fc56c85.jpg%3Fxid%3D100612&xid=100612 600w, Professora Josmari Araújo dos Santos contando histórias para as crianças, uma cena que se repete há décadas

Formada em Magistério, a professora Josmari Araujo dos Santos, de 71 anos, nasceu e mora em Linhares, no Norte do Estado. Ela é licenciada em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e especialista em Recreação pela Universidade Federal Paraná, além de pós-graduação em Natação para Bebês, pelo Serviço Educativo Argentino.

Esse currículo capacitou a professora a se tornar referência no Estado quando o assunto é contação de histórias, uma forma didática que ela encontrou para disseminar a cultura, o folclore e detalhes talvez ainda desconhecidos de personagens da cidade.

Uma das professoras mais antigas e queridas de Linhares, e ainda em plena atividade, com 57 anos de profissão, Josmari é servidora pública. Aos 14 anos começou a trabalhar de forma voluntária na alfabetização de adultos. Hoje, acumula histórias encantadoras para um público diversificado que, na era digital, deixa a tecnologia de lado para ouvir detalhes dos casos que ela apresenta com fascínio, chamando a atenção de gerações distintas.

“A essência de narrar não mudou, porém houve um avanço tecnológico que deixou todas as pessoas e, principalmente, as crianças atreladas ao mundo digital. Nas escolas onde atuei e continuo trabalhando, por exemplo, é terminantemente proibido o uso do celular. É muito difícil dizer que, se eles tivessem acesso, talvez preferissem o aparelho”, disse a professora.

Ela acrescenta que, no mundo dos smartphones, iphones, computadores, mídias digitais e redes sociais, supera esses obstáculos e reúne um público sempre fiel às suas apresentações.

“Acredito que um dos principais benefícios proporcionados pela arte de contar histórias é o resgate da narrativa tradicional, do folclore e das linguagens múltiplas que ainda existem mesmo com tanta tecnologia”, declarou Josmari.

Ela acrescenta que é para isso que vem utilizando a arte na profissão. “O objetivo é resgatar, não só as memórias e perfis desses personagens que viveram em Linhares, como também que sejam contadas histórias e escritos outros livros de novos personagens”.

Além das escolas, ela leva o seu trabalho para praças, shoppings, hospitais, feiras e até mesmo em filas de bancos.

Personagens da cidade se tornam imortais

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A professora Josmari Araújo dos Santos confessa que é uma eterna apaixonada pela literatura e pela leitura.

Ela já publicou seus livros: Chico Boneco (2001), João da Santa (2002), Irene (2003), Brincadeira de Criança é Brinquedo Sim! (2004), Zé da Lata (2007) e O Rio Doce e Vovó Malico (2015).

“Decidi utilizar a literatura e a contação de histórias para mostrar às pessoas que alguns personagens de Linhares tinham de ser lembrados. A partir do momento que escrevi esses livros, todas as escolas, ensino público ou privado, trabalham minha obra literária de forma didática, do jardim de infância, até nas faculdades”, revela.

Ela conta que todos são adaptados em Braile, com exceção de Irene, que é adaptado em Libras, destacando ainda que suas obras são referência na Escola Municipal de Ensino Fundamental Samuel Batista Cruz, o CAIC, no bairro Interlagos, como meio didático para os deficientes visuais; e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Castelo Branco, no Centro, para os alunos com deficiência auditiva.

Josmari lembra que seus personagens eram pessoas comuns, mas, a partir do momento que viraram temas literários, surgem a cada dia testemunhos que lembram quem eram e o que faziam, rememorando os costumes, reforçando o folclore e resgatando a cultura de Linhares.

A professora Eliana Mendes, de 57 anos – sendo 26 atuando na profissão, destaca que a obra de Josmari tem extrema relevância para o meio estudantil.

“O trabalho dela como escritora e contadora de histórias se tornou fundamental para difundir para os alunos o folclore local, e isso é importante para que eles saibam que já existiram o Chico Boneco, a Irene, o João da Santa, o Zé da Lata, e virão outros por aí, com certeza”, comentou.

A aluna Maria Eduarda Cruz Santos, de 8 anos, que cursa o ensino fundamental em uma escola municipal da cidade, declara toda sua admiração e carinho pela professora Josmari.

“Ela é muito bacana, atenciosa e nos conta cada história que depois eu também conto lá em casa e para meus amigos. Gosto muito dela, é engraçada, faz a gente rir e se emocionar durante suas apresentações”, disse a aluna.

Os livros de Josimari

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