Pacientes sem remédio por não “decifrarem” prescrição médica

| 22/08/2021, 07:31 07:31 h | Atualizado em 22/08/2021, 07:39

Entender a letra de um médico tem tornado cada vez mais difícil a vida de pacientes em tratamento para várias doenças no Estado. Eles reclamam dos perigos e do atraso para adquirir medicamentos.

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2021-08/372x236/beneficiario-de-um-plano-de-saude-associado-a-empresa-em-que-trabalha-um-motorista-de-65-anos-que-nao-quis-se-identificar-denuncia-que-recebe-receitas-ilegiveis-com-frequencia-ec774cec660fd90e679490922e6a863d/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2021-08%2Fbeneficiario-de-um-plano-de-saude-associado-a-empresa-em-que-trabalha-um-motorista-de-65-anos-que-nao-quis-se-identificar-denuncia-que-recebe-receitas-ilegiveis-com-frequencia-ec774cec660fd90e679490922e6a863d.jpeg%3Fxid%3D185460&xid=185460 600w, Beneficiário de um plano de saúde associado à empresa em que trabalha, um motorista de 65 anos, denuncia que recebe receitas ilegíveis com frequência.
Pacientes contam que, em alguns casos, nem mesmo os farmacêuticos conseguem “decifrar” qual é o remédio prescrito e, por isso, se recusam a fazer a venda.

Conselheiro do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES), Marcos Fonseca diz que essa é uma orientação feita para toda a categoria, devido aos perigos que a prática traz.

Isso porque, caso algum medicamento seja trocado ou receitado com uma dosagem diferente daquela prescrita, o indivíduo pode ter intoxicação ou até morrer, conforme afirma Fonseca.

“Nós nos baseamos em uma lei federal, de 1973, que regulamenta que não podemos aceitar uma prescrição ilegível, para resguardar a vida do paciente”, explica.

Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências já tinha alertado sobre o tema. Em 2011, um levantamento indicou que a caligrafia ilegível contribui, a cada ano, para a morte de 7 mil pessoas.

De acordo com o presidente da Associação de Médicos do Espírito Santo (Ames), Leonardo Lessa, a principal solução para o problema está na digitalização das receitas, embora ainda seja uma realidade distante para algumas unidades de saúde.

“A receita virtual elimina esse risco, além de facilitar tanto a vida dos pacientes quanto a do profissional, sendo possível acessá-la pela internet ou no formato impresso. É um investimento que deveria ser feito em todo o País”, defende.

Se o paciente não conseguir fazer a leitura, Lessa orienta que ele procure o profissional mais uma vez, para pedir esclarecimentos.

“Em caso de dúvidas ou problemas na prescrição do médico, a pessoa deve solicitar uma nova e, até mesmo, pedir explicações, dependendo do tamanho do erro”, sugere.

Mas, diante de um dano à saúde, é possível denunciar o responsável aos órgãos competentes. “Se ficar comprovado, o médico poderá ser responsabilizado judicialmente”, frisou o representante do Espírito Santo no Conselho Federal de Medicina, Carlos Magno Dalapicola.
 

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