Onda de gripe e sinusite confunde pacientes e lota os consultórios

| 22/06/2021, 17:49 17:49 h | Atualizado em 22/06/2021, 17:48

Com as temperaturas em queda, casacos são tirados do armário, cardápios do inverno fazem sucesso, assim como os tradicionais passeios em lugares onde o frio se faz mais intenso. Porém, a estação mais gelada do ano também provoca doenças.

No Estado, uma onda de gripe, resfriado e sinusite confunde pacientes, especialmente em tempos de pandemia da Covid-19. Em busca de um diagnóstico, eles estão lotando consultórios médicos e prontos-socorros.

O otorrinolaringologista Bruno Caliman percebe que o frio já provoca um aumento nas consultas em 30%, se comparado a outras estações do ano. Essa corrida, segundo ele, começou antes do início do inverno oficial, que foi na segunda (21)

Ele explica que o aumento da manifestação dessas doenças nesta época do ano se deve às diferenças na umidade do ar, ressecando as mucosas das vias respiratórias.

Bruno Caliman diz que as pessoas devem se atentar para alguns sinais da Covid-19 e não confundir: falta de ar, febre e calafrio.

Se os sintomas persistirem por mais de três dias, ele orienta que a pessoa procure ajuda médica. A exceção é quando há da falta de ar, cuja avaliação deve ser imediata.

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A pneumologista Jéssica Polese também destaca que, sempre que há mudança de temperatura, o sistema imune tende a permitir infecções virais, inclusive o SarS-Cov2 (Covid-19).

Segundo ela, já existe um aumento da demanda nos consultórios, especialmente pacientes com resfriados, sinusite e alergias.

“Além das infecções virais, também existem doenças alérgicas e complicações das doenças virais, como sinusites e pneumonia bacteriana, asma e exacerbação de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica). De uma maneira geral, os pacientes procuram mais os serviços de saúde”, disse.

Também confirmando o aumento por atendimento nesta época do ano, a pneumologista Ciléa Victoria Martins reforça que as similaridades das doenças dificultam o diagnóstico sem exames.

“São doenças com sintomas semelhantes aos da Covid. Por isso, em caso de sensação da falta de ar, tosse, às vezes, com a presença de uma secreção mais espessa, é preciso fazer realmente a avaliação”.


Tire as dúvidas


1 - Quais são as principais doenças de inverno?

  • Resfriados, gripes, sinusite, rinite alérgica, pneunomia, asma e otite, exemplificou o otorrinolaringologista Bruno Caliman.

  • Devido ao tempo mais seco e às baixas temperaturas, os casos de infecção pela Covid-19 também tendem a aumentar, segundo médicos.

2 - Crianças e idosos são os mais prejudicados nesta época?

  • As pessoas que mais sofrem são as crianças e os idosos, por terem o sistema imune mais fragilizado, mas a pneumologista Ciléa Victoria Martins alerta que qualquer pessoa pode estar suscetível, sobretudo os pacientes que já têm doenças respiratórias, especialmente com as mudanças de temperatura nesta época do ano.

3 - Qual a diferença entre gripe e resfriado?

  • As gripes são infecções das vias respiratórias superiores, como nariz e garganta, causadas por vírus do tipo influenza, e provocam sintomas como febre de cerca de 37,8 ºC, secreção nasal, coriza, dor de garganta e dor nos músculos e articulações, que dura cerca de 5 a 7 dias.

  • Os resfriados são o mesmo tipo de infecção, porém, de forma mais branda, causada por vírus como adenovírus, rinovírus e vírus sincicial respiratório. Provocam sintomas como coriza, espirros, dor de garganta e conjuntivite, que duram, em média, de 3 a 5 dias.

4 - Como diferenciar os sintomas da gripe, resfriado e Covid-19?

  • Os sintomas são extremamente parecidos em muitos casos, como observa o otorrinolaringologista Bruno Caliman.

  • Mas, normalmente, o resfriado é mais brando e raramente vem acompanhado de febre alta. Já a gripe e a Covid-19 podem apresentar sintomas muito semelhantes como febre alta, tosse e sensação de cansaço.

  • No entanto, o grande diferencial da Covid-19 é a falta de ar ou o cansaço excessivo, que nem sempre ocorre em quadros gripais, como destaca a pneumologista Jéssica Polese.

5 - Vacina contra Covid-19 ajuda a prevenir outras gripes?

  • Não. O otorrinolaringologista Bruno Caliman esclarece a dúvida: “Existe a vacina da gripe, que previne as formas graves da doença, e existe a vacina para Covid, que é específica para o novo coronavírus. São coisas distintas”.

6 - Por que a vacina anual da influenza não evita gripe?

  • Quem explica é o otorrinolaringologista Bruno Caliman: “A vacina da gripe previne as formas graves da doença, como H1N1, H3N2. São os vírus mais perigosos da gripe, que podem levar à internação e até evoluir para óbito, conforme a gravidade” .

7 - Qual é o momento de ir para o hospital ou consultório após apresentar os sintomas das doenças de inverno?

  • Se tiver falta de ar, a orientação de médicos é procurar um pronto-socorro o quanto antes.

  • A pneumologista Jéssica Polese também diz que, em caso de febre alta por mais de três dias ou muita secreção, é aconselhável procurar atendimento médico, seja um especialista ou um pronto-socorro.

8 - Quem tiver um sintoma apenas, que persistir, mas não teve febre, perda de paladar ou olfato, deve fazer o teste Covid?

  • O direcionamento do otorrinolaringologista Bruno Caliman para situações como essa é que o paciente faça o teste para saber se está ou não com Covid. “Os sintomas são totalmente parecidos, então quatro dias após o início dos sintomas, faça o exame”.

  • Ele orienta ainda que, ao sinal de sintomas, a pessoa deve evitar aglomeração, não abrir mão do uso de máscara e seguir todos os protocolos para não colocar em risco a vida de terceiros.

9 - Há algo a ser feito para evitar ficar doente nesta época?

  • A pneumologista Ciléa Victoria Martins diz que é importante que as pessoas que já têm rinite alérgica ou asma, por exemplo, continuem com acompanhamento médico durante o ano e não abandonem o tratamento.

  • “Faça uso dos antialérgicos, lave bastante a narina, se hidrate o máximo que puder, procure ter uma alimentação sadia, coma frutas e hortaliças, e procure médicos nestas fases para evitar que as baixas temperaturas provoquem quadros de infecções, inclusive bacterianas”, sugeriu Ciléa.

  • O otorrinolaringologista Bruno Caliman completa dizendo que as pessoas devem evitar aglomerações e manter os hábitos de lavar as mãos e beber bastante água.

Fonte: Médicos entrevistados.

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