Jovem ganha novo coração após infarto aos 19 anos

| 31/10/2020, 14:26 14:26 h | Atualizado em 31/10/2020, 14:40

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/prod/2020-10/372x236/jovem-ganha-novo-coracao-apos-infarto-aos-19-anos-a4516843ccc67562ef290ab1a7779604/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fprod%2F2020-10%2Fjovem-ganha-novo-coracao-apos-infarto-aos-19-anos-a4516843ccc67562ef290ab1a7779604.jpeg%3Fxid%3D148459&xid=148459 600w, Bárbara mudou sua rotina e parou de trabalhar enquanto esperava pelo transplante de coração

A vida ativa da universitária Bárbara Coitinho Nunes, com prática de atividade física, faculdade e trabalho, precisou ser interrompida há três anos. Depois de sofrer um infarto aos 19 anos de idade, ela entrou na fila de transplante de órgãos. Na última quarta-feira, a boa notícia: havia um coração compatível para ela.

A mãe de Bárbara, Fernanda Coitinho, contou que a filha sofreu o infarto em 2017, enquanto trabalhava. “Me ligaram da empresa em que ela trabalhava e fomos buscá-la. Ela estava com dores no peito, no braço, e vomitava muito”, disse.

Com apenas 35% do coração funcionando, a jovem teve de deixar o emprego, interromper a faculdade e parar de ir à academia.

Segundo o marido de Bárbara, Matheus Ferreira, os médicos tentaram as alternativas possíveis para que ela voltasse à vida normal com o mesmo coração, mas não teve jeito. Com isto, há cerca de um ano, a jovem entrou na fila de espera pelo transplante de coração.

Para Fernanda, o maior medo era a vulnerabilidade da filha enquanto esperava pelo órgão. “Era angustiante a espera. Ela é minha única filha. Ficamos muito abalados, pois foi inesperado”, relatou.

Já o marido disse que as mudanças afetaram o emocional da mulher, hoje com 22 anos. “O psicológico dela ficou muito abalado. Ela tinha uma vida ativa e, de repente, precisou parar de fazer tudo”.

Na última quarta-feira, logo pela manhã, Bárbara recebeu a ligação do hospital com a notícia de que havia um coração compatível para ela. A operação ocorreu no mesmo dia, a partir das 11 horas.

Coordenador de transplante de coração do Hospital Meridional, em Cariacica, onde foi feito o procedimento, o cardiologista Melchior Luiz Lima disse que a cirurgia foi complexa, mas com sucesso.

“A operação durou cerca de sete horas. Ela já está bem e respira sem o auxílio de aparelhos. Depois que se recuperar, vai voltar a ter uma vida normal, com prática de esportes. O transplante de coração restaura vidas”, destacou o médico.

A família aguarda, agora, o retorno de Bárbara para casa. “O sentimento é de gratidão, por saber que alguém teve um gesto de amor em doar o coração para outra pessoa”, disse a mãe, emocionada.

“Eu chorei e agradecemos a Deus quando ficamos sabendo que tinha um coração para ela. Ficamos muito felizes”.
A declaração de Matheus Ferreira, motoboy e marido da universitária Bárbara Coitinho, foi feita ontem, um dia depois do transplante realizado pela jovem.

A Tribuna – O que a Bárbara precisou deixar de fazer por conta do infarto?

Matheus Ferreira – Ela precisou parar a vida dela. Teve que interromper a faculdade, sair do trabalho e parou de frequentar a academia.

Quais os primeiros sinais do infarto dela?

Ela se queixou de dores no peito e no braço, além de vômito.

O que mais a preocupava enquanto estava na fila de espera?

Ela estava com medo de morrer. Qualquer dor que sentia, ficava com receio de acontecer algo pior.

Chegaram a pensar que não seria possível receber o transplante do coração?

Não somos muito de ir à igreja, mas acreditamos muito em Deus. Então, sempre tivemos fé que daria tudo certo.

Como vocês reagiram quando souberam que a Bárbara receberia o transplante?

Ligaram para ela de manhã cedo avisando que tinha um coração para ela. A ficha ainda não caiu. Eu chorei e agradecemos a Deus. Ficamos muito felizes.

O que a Bárbara já planeja para quando deixar o hospital?

Ela disse que vai voltar para a academia assim que puder.

Órgão doado era de paciente de hospital de Cachoeiro

O órgão recebido pela jovem Bárbara Coitinho, de 22 anos, na última quarta-feira, que estava na fila de espera por um coração há um ano, veio de um doador de um hospital de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado.

Segundo o coordenador de transplante de coração do Hospital Meridional, em Cariacica, o médico cardiologista Melchior Luiz Lima, o doador teve morte encefálica (quando não há mais possibilidade de sobrevivência), em decorrência de um acidente de moto.

No mesmo dia em que Bárbara recebeu o coração, a morte de um motociclista, de 32 anos, após acidente em Iúna, foi confirmada. Ele estava internado na Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro.

Com isso, a família autorizou a doação de órgãos, sendo dois rins, um fígado, coração e duas córneas. Os órgãos seriam captados e destinados para pacientes da fila de espera por transplante no Estado.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), o Espírito Santo possui três pessoas à espera de um coração, 23 na fila para receber fígado, 360 aguardam córneas e 1.047 à espera de um rim.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: