“Evitei um problema ainda maior”, diz mãe sobre o uso de celular

A criança de 10 anos ganhou o aparelho para estudar de forma remota e começou a conversar com estranhos na internet

Eliane Proscholdt e Rafael Gomes, do jornal A Tribuna | 05/12/2021, 16:26 16:26 h | Atualizado em 05/12/2021, 16:27

O ambiente digital também é um espaço que criminosos utilizam para interagir crianças. No ano passado, uma menina  de 10 anos ganhou um celular da mãe para  estudar de forma remota. Só que esse aparelho mostrou um mundo que a menina  não conhecia.

Ela teve acesso a redes sociais e, sem saber, foi incentivada a conversar com uma “mãe virtual”, já que sua mãe biológica, uma empresária de 41 anos, tem uma  rotina puxada por conta do trabalho.

A Tribuna – O que aconteceu com sua filha?

Empresária – Por conta da pandemia da covid-19  e a necessidade das aulas remotas, eu comprei  um celular precocemente para a minha filha no ano passado, quando ela tinha 10 anos. 

Até então eu não tinha nem computador em casa, pois queria evitar  que ficasse grudada na tela de celular, de computador. Sei que brincadeiras virtuais, jogos online não são saudáveis, mas não teve jeito: tive de me render à tecnologia. 

O que mudou?

A minha filha conheceu outras  pessoas que diziam ser da mesma faixa etária. Passado um tempo, percebi que o seu comportamento estava diferente. Ela começou a conversar com uma garota que dizia ser homossexual. Só descobri isso depois de um tempo.  

Como eu trabalho muito, ela  comentou que eu era ausente, e a suposta garota indicou uma mãe digital, que deve ser um grupo de aliciadores (pedófilos). Pelo DDD, vi que essa menina que falava com a minha filha era de outro estado. No perfil dela, aparecia uma criança. Ela dizia que essa mãe digital iria dar carinho, atenção, amor. 

Como descobriu que tinha algo estranho?

Do nada, a minha filha disse: 'mamãe, eu quero te contar uma coisa: acho que sou  homossexual'. Foi então que resolvi pegar o celular escondido e descobri que ela estava conversando com estranhos. Em um dos episódios, ela e as amigas do colégio entraram em um chat e um cara se masturbou para as meninas. A minha filha não viu, mas soube.

O que fez?

Fiquei desesperada.  Procurei a polícia, registrei o boletim de ocorrência e tomei o celular dela por  seis meses. Expliquei os riscos do mundo virtual e a orientei a não conversar com estranhos. No início, houve resistência, mas depois ela ficou com medo e entendeu. 

Acha que mesmo sem intenção cometeu algum vacilo?

Sim. Sou separada e trabalho muito, fico ausente o dia inteiro. A minha filha fica com empregada, mas depois desse ocorrido eu não abro  mão de monitorar o celular e o computador dela. Felizmente agi a tempo e evitei um problema ainda maior.

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