Deficiente visual festeja aniversário nas alturas

Universitária cega saltou de paraquedas, em Guarapari, pela primeira vez e afirma que foi a melhor coisa que já fez na vida

Roberta Bourguignon, do jornal A Tribuna | 19/01/2022, 15:00 15:00 h | Atualizado em 19/01/2022, 15:01

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A sensação de saltar de mais de 3 mil metros de altitude, a uma velocidade que passa de 200 quilômetros por hora em queda livre, foi a comemoração escolhida pela universitária Cinthya de Oliveira para seu aniversário de 25 anos. Estudante de Psicologia, Cinthya é cega.   

Deficiente visual desde o nascimento e apaixonada por esportes radicais, ela descreveu o salto de paraquedas como a melhor coisa que já fez na vida.   

“Na infância, eu ia aos parques de diversões e sempre gostava de ir aos brinquedos mais emocionantes, como a montanha-russa, camicase, e eu sempre gostei assim. Quando cresci, passei a querer voar. Foi quando fiz o parapente, em Alfredo Chaves. Depois pensei: quero algo ainda mais radical. Comecei a pesquisar e encontrei o paraquedas aqui no Estado”. 

A jovem saltou de paraquedas na manhã desta terça-feira (18), em Guarapari, durante mais uma temporada de saltos duplos. Ele fez o salto com o instrutor Fabiano Oga, 31 anos. 

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Cinthya foi fazer a aventura acompanhada do namorado, o professor de Geografia Renato de Oliveira, 28 anos, e da mãe, Lúcia de Oliveira, 48 anos, que se emocionou após ver a filha embarcar na aeronave com destino ao salto.   

“Eu estou feliz porque ela conseguiu, mas se ela me perguntasse se poderia, eu diria que não. A gente que é mãe, sabe como é. Meu coração está chegando na boca. Eu sempre deixei isso muito claro para ela, de que tudo que ela quer, ela pode e ela consegue. E eu acho muito interessante ela correr atrás. Ela nasceu determinada”, revelou a mãe. 

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Saltar de paraquedas custa pouco mais de R$ 1 mil, e Cinthya estava sem dinheiro. Foi quando ela decidiu abrir uma vaquinha online, a escola de paraquedismo compartilhou a história nas redes sociais, e em nove dias ela conseguiu o recurso.

“Se tem uma coisa que eu sou é determinada. Eu coloco algo na cabeça que vou fazer, e faço e pronto. Eu não tinha o dinheiro e corri atrás de conseguir. Fiz a vaquinha online e em nove dias consegui todo o valor”.

Ela disse ainda escolheu a data do aniversário para comemorar da melhor forma possível. “São 25 anos e precisam ser comemorados de forma radical, realizando mais um sonho”, afirmou a universitária, que estuda Psicologia.

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“Vamos viver, porque a vida é uma só”, diz Cinthya


Conhecida na família e entre os amigos como uma pessoa determinada, a universitária Cinthya de Oliveira, 25 anos, destaca a importância de viver o hoje, já que o amanhã não se conhece. A universitária, estudante de Psicologia, é deficiente visual desde o nascimento e nesta terça (18) fez o seu primeiro salto de paraquedas, em Guarapari. 

A Tribuna – O que te faz ser tão intensa nas decisões? 

Cinthya de Oliveira – Eu costumo dizer para as pessoas: vamos viver a vida, que a vida é uma só. A vida é curta demais. Bora aproveitar cada segundo da melhor forma possível, porque a gente não sabe o dia de amanhã. A pandemia veio nos provar que de uma hora para outra a gente pode ter de ficar dentro de casa, sem fazer nada. Então o que você pode fazer hoje, faça hoje. 

Por que é tão determinada?

Se tem uma coisa que eu sou é determinada. Eu coloco algo na cabeça que vou fazer, e faço e pronto. Minha deficiência nunca me impediu de nada. Com 6 anos minha mãe me ensinou a ir à padaria sozinha, e eu queria ir todo dia. Com 6 anos ainda meu pai me ensinou a andar de bicicleta. Sim, tenho uma vida normal pela minha determinação também. 

Como decidiu fazer Psicologia?

Desde os 10 anos de idade, decidi que seria psicóloga. E esse interesse foi despertado após meu primeiro contato com a profissão. Eu chegava para atendimento e ficava quietinha. A psicóloga com a voz doce, delicada, fazia eu ir me abrindo e as coisas iam fluindo. 

Eu dizia a ela que quando crescesse seria igual a ela. Pena que não tive mais contato, mas lembro do primeiro nome dela: Vanda, que atendia na União dos Cegos, em Vila Velha.

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