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Capixabas enfrentam sede e fome para entrar nos EUA

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21/09/2021 - 15:55 • Atualizada em 21/09/2021 às 16:25

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Com o sonho de uma vida melhor, capixabas têm se arriscado para atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos. Para atingir seus objetivos, eles chegam a passar fome, sede e frio e, nem sempre, conseguem chegar ao destino.

As dificuldades enfrentadas por quem tenta entrar ilegalmente nos Estados Unidos ganharam destaque nos últimos dias, quando uma brasileira morreu no meio do deserto tentando fazer a travessia.

Lenilda de Oliveira, 49 anos, era de Rondônia e foi abandonada pelo grupo de imigrantes do qual fazia parte. Ela chegou a contatar a família algumas vezes antes de morrer.

A travessia teve início no último dia 7. Sob condições climáticas extremas, a técnica em enfermagem passou mal e foi deixada para trás pelo grupo, que prometeu retornar para buscá-la. Nos áudios que enviou, dizia que não estava aguentando de sede.

Sede e fome também foram enfrentados por um agricultor capixaba, aos 45 anos. Ele contou que queria ir para os Estados Unidos para pagar a faculdade para os filhos.

Para isso, pagou o serviço de coiote (agente que conduz os imigrantes pelas áreas de fronteira).

Depois de ser deportado duas vezes, ainda no México, enfrentado dificuldades como ficar sem comer o dia todo, ele, finalmente, conseguiu desembarcar, já na terceira viagem.

“Ficamos em oito pessoas por uma semana na casa de um mexicano até marcarem para atravessar. Passamos 14 horas, em 11 pessoas, dentro de uma cabine de caminhão, sem água e comida. Depois, tivemos de atravessar o rio. Muitos não sabiam nadar”.

Até chegar ao destino, em Nova Iorque, foram muitas horas de caminhada por mato e várias viagens só com a roupa do corpo e pouca água.

Outro capixaba que se arriscou atrás do seu objetivo foi um encarregado de solda, de 53 anos. Ele está preso há dois meses em um presídio dos Estados Unidos, após se entregar para a polícia americana, e aguarda para saber se vai ou não poder concluir seu objetivo.

“Ele veio para cá para juntar R$ 300 mil e comprar um sítio. Pagou os coiotes, atravessou a fronteira e foi pego pela polícia”, contou o filho dele, um jovem 32 anos que já mora nos EUA, para onde foi de forma legal.

Outros casos

Casal é preso

Um casal de namorados, um rapaz de 27 anos e uma jovem de 22 anos, de Barra de São Francisco, tentou chegar ilegalmente aos Estados Unidos, pelo México, por meio do esquema “cai- cai” (se entregar para a imigração e buscar regularização com a Justiça).

Só a mulher conseguiu permanecer no país.

“Filme de terror”

Sonhando em ter uma vida melhor, a família de uma diarista de 38 anos – ela, o marido e dois filhos, de 16 e 18 anos – decidiu atravessar a fronteira dos Estados Unidos, em junho deste ano. Durante o trajeto, eles viveram os piores momentos de suas vidas.

“Foi um filme de terror. Quase morremos”, disse a mulher.

Travessia por rio

Uma técnica de enfermagem de 35 anos, com o marido, de 36, e o filho, de 7, atravessaram a fronteira dos EUA este ano.
Ao chegarem à cidade de Tijuana, na fronteira, atravessaram um rio, que estava com volume baixo, foram abordados pela polícia e ficaram dois dias na imigração, até conseguir entrar.

Agricultor, morador de pancas: “Fiquei 4 dias sem banho e só comendo biscoito”

Atraído pela promessa de uma vida melhor, um agricultor de 32 anos decidiu largar tudo que tinha em Pancas, Noroeste do Estado, e partiu para os Estados Unidos.

Ao optar pelo esquema cai-cai (quando a pessoa se entrega para a imigração e busca regularização com a Justiça), em abril deste ano, ele acabou deportado.

O agricultor contou que viveu os piores dias da sua vida. “Andei 800 metros de ladeira. Muita gente passou mal. Foram dias horríveis”, disse o capixaba, que conversou com a reportagem na condição de não se identificar.

A Tribuna – Em que dia saiu do Espírito Santo?

Agricultor – Saí em abril. Fui para São Paulo. No dia 18, cheguei à Cidade do México, onde fiquei até o dia 20. No mesmo dia, eu fui para Tijuana, onde me entreguei, e fui direto para a cadeia nos EUA.

Era seu sonho morar lá?

Também, mas o que me motivou foi a crise financeira aqui no Brasil. Queria melhorar minha condição de vida. Entrei em contato com um amigo que morava lá, perguntei se podia ficar na casa dele, e ele disse que sim.

Optou pelos coiotes por qual motivo?

Porque seria mais fácil.

Quanto te cobraram?

Cerca de 18 mil dólares (em torno de R$ 95,9 mil). Como tinha juntado, paguei metade do valor. A outra metade, eu pagaria quando começasse a trabalhar lá.

Como foi o seu trajeto até se entregar?

No dia em que atravessei, eu tive de andar 800 metros de ladeira. Estava em um grupo de 14 brasileiros, entre mulheres e crianças. Algumas mulheres passaram mal, e eu as ajudei a atravessar. Quando atravessamos a fronteira em Tijuana, nos entregamos para os agentes da polícia.

O que aconteceu depois?

Dali, os agentes nos levaram para a triagem, onde eu fiquei quatro dias sem tomar banho, sem escovar os dentes, e só comendo biscoitos. Praticamente, não comia. Depois, fomos transferidos para o presídio. Aí, já era um pouco melhor. Fiquei preso por cinco meses até sair minha audiência, mas me negaram o direito de permanecer lá e fui deportado.

Iria novamente da mesma forma? 

Dessa forma, eu não iria mais. Eu passei cinco meses preso e não quero passar por isso de novo.

Cidade de Tijuana

Imagem ilustrativa da imagem Capixabas enfrentam sede e fome para entrar nos EUA
Uma das rotas ilegais usadas para chegar aos Estados Unidos |  Foto: Reprodução AT

Um dos possíveis trajetos para entrar nos Estados Unidos ilegalmente pelo México é a rota que sai de São Paulo, passa pela Cidade do México e termina em Tijuana, na fronteira.

  • Brasileiros de diferentes regiões do País vão até a cidade de São Paulo pegar um voo para a Cidade do México, capital do México.
  • Ao chegarem à capital, podem passar por diferentes percursos até a cidade de Tijuana, localizada na fronteira com os Estados Unidos.
  • Em Tijuana, os imigrantes podem atravessar a fronteira passando por uma estrada, dependendo do local em que se encontram na cidade, ou ir para outras cidades de fronteira.
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