Plantas, madeiras e conchas viram arte que vai para o exterior

Peças que retratam a cultura capixaba, monumentos, flores e pássaros do Estado são levadas para países da Europa e da África

Redação Tribuna Online | 13/03/2023, 17:05 17:05 h | Atualizado em 21/03/2023, 18:06

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/130000/372x236/inline_00136291_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F130000%2Finline_00136291_00.jpg%3Fxid%3D509896&xid=509896 600w, A Fábrica de Pios Maurílio Coelho, em Cachoeiro, já tem 120 anos
 

Plantas, madeiras, conchas, escamas de peixe, barro e  café. Essas são algumas das matérias-primas usadas por artesãos para transformar objetos, que muita vezes iriam para o lixo, em obras de arte no Estado. 

Diversas peças chegam a  chamar a atenção até de turistas estrangeiros, que levam para seus países objetos de decoração que retratam a cultura capixaba, monumentos, flores e pássaros do Estado. 

É o caso das flores de conchas e de escamas de peixes da artesã Cristina Maria  Lauteman, 64, em Piúma, Sul do Estado,  exportadas  para países da África, além de Argentina, Itália e Estados Unidos.

“Hoje vejo que não preciso mais exportar. O mercado nacional já consome todo o meu trabalho”.

Para o artesão, turismólogo e artista plástico Anderson Sabino, o artesanato preserva a cultura e a história capixaba. “Em Nova Venécia, retratamos nas artes paisagens e monumentos da região. Usamos móveis reaproveitados,  sementes, plantas e fibra de bananeira. Turistas até da Europa se encantam”.

Outro destaque vai para o artesanato germânico, em Domingos Martins, que já foi vendido para França, EUA, Alemanha e Itália. A técnica de Bauernmalerei é uma pintura alemã  e detalha flores e frutas, com traços  finos e delicados.

Já o bordado pomerano, feito em Santa Maria de Jetibá, foi enviado para Alemanha e Áustria. A arte mostra a região serrana, com flores, pássaros e borboletas. Um dos pontos pomeranos é único –  nunca foi encontrado em outra cultura.

Um dos ícones da identidade capixaba, a panela de barro já tem mais de 400 anos de história e também é exportada. O ofício das Paneleiras de Goiabeiras, em Vitória, é reconhecido como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Fábrica centenária

A Fábrica de Pios Maurílio Coelho, em Cachoeiro, já tem 120 anos. Na época, atendia a caçadores, que usavam os sons para atrair os pássaros. Hoje, os pios, feitos artesanalmente, viraram instrumentos musicais. Também são usados por pesquisadores e observadores. Imitam com perfeição aves como gavião, maritaca, macuco, jacu, inhambu, tucano, bem-te-vi, sabiá e trinca-ferro, explica o músico Fábio Coelho Marins, 51, bisneto do fundador da fábrica.

Plantas aquáticas 

Das plantas aquáticas, a fibra extraída da taboa vira bolsas, carteiras e caixas artesanais, que são sucesso até no exterior. A artesã Marinete Silva Coimbra, 51,  faz parte do grupo de 30 mulheres da comunidade de Mãe-Bá, em Anchieta,  Sul do Estado. 

Ela chegou a receber o prêmio Reconhecimento de Excelência da Unesco para os produtos artesanais do Mercosul, em 2010. “Trabalho com taboa desde os 17 anos. Qualquer peça feita da taboa tem boa durabilidade e isso chama a atenção. As bolsas são os produtos mais vendidos”.

Ícone capixaba

Com mais de 400 anos de história, a panela de barro capixaba, uma herança herdada dos indígenas, é um ícone da cultura do Estado.

A artesã Berenicia Correa, 66, da Associação das Paneleiras de Goiabeiras, Vitória,  aprendeu o ofício vendo a mãe e a avó trabalhando.

“Faço panela há 53 anos. Estrangeiros conhecem nossa história, mas tem capixaba que não. Tudo é feito manualmente. A moqueca capixaba tem de ser feita na panela de barro. O resto, é peixada”, brinca.

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Flores de conchas e escamas de peixe

A artesã Cristina Maria Ribeiro Lauteman, 64, de Piúma, Sul do Estado, já vendeu suas flores feitas de conchas e de escamas de peixes  para oito países, como EUA e Itália.

São 12 tipos de flores de escama de peixes e nove cores de flores de conchas. Para as flores de escama, a artesã conta que é possível fazer com qualquer peixe. As mais vendidas vêm de um peixe chamado bodião. O processo é longo e cada etapa foi desenvolvida pela  Cristina, há 35 anos. 

As escamas são lavadas, passam pelo processo de secagem e depois são armazenadas por tamanhos. Já as conchas viram flores, assim como as  escamas, e estão prontas para a confecção de brincos, objetos decorativos, enfeites de cabelo, sandálias e até buquê de noivas.

Fibra de bananeira

Porta-retratos, conjuntos americanos, porta-chaves e luminárias são alguns dos objetos confeccionados por seis mulheres do Grupo ArtFibra, de Alfredo Chaves, que, desde 2009, transformam fibra de bananeira em peças decorativas. 

A matéria-prima para a produção é preparada no quintal. As artesãs Elza Fornazier, Auzilia Destefani e Amabenir Buback  cortam a bananeira, desfibram o tronco, lavam e secam as fibras, que são tingidas ou envernizadas, e recebem diversos tipos de acabamento.

Lixo vira arte

Nas mãos de artesãos de  Muqui, sacolas de papel tornam-se  cestos, coador descartável vira abajur e garrafa de vidro e vão decorar ambientes. 

Fernanda Leal Shiavo, voluntária do Mercado Regional de Muqui, disse que a abertura do mercado ajudou a divulgar e valorizar o artesanato local. Ele foi criado por iniciativa de nove empreendedores. 

“Vem gente até do Rio de Janeiro”, comentou. O espaço  funciona às quintas, sextas e sábados após as 17 horas e aos domingos durante o dia. Há artesanatos, flores, comida de boteco, produtos da agroindústria, entre outros.

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