Mudanças climáticas são irreversíveis, diz ONU
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O relatório do ONU sobre o clima, publicado nesta segunda-feira (09), deixou a comunidade internacional em alerta, em especial países com área de florestas ainda intactas e próximos aos oceanos.
Elevação do nível dos mares, derretimento de calotas polares e outros efeitos do aquecimento global podem ser irreversíveis durante séculos e são "inequivocamente" impulsionados por emissões de gases causadores do efeito estufa da atividade humana.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), o mais importante divulgado desde 2014, mostra de forma inequívoca que o aquecimento global está se desenvolvendo mais rápido do que o esperado e que praticamente tudo é consequência das atividades humanas.
O relatório estima que o limite de +1,5°C de aquecimento global em relação à era pré-industrial será alcançado em 2030, dez anos antes do previsto, o que produzirá eventos climáticos extremos "sem precedentes".
O IPCC, organização de 195 governos, chegou ao novo relatório a partir de análises durante três anos de 14 mil estudos científicos com revisões pelos pares. Trata-se da primeira grande avaliação internacional da pesquisa sobre mudanças climáticas desde 2013, no primeiro dos quatro relatórios do IPCC esperados para os próximos 15 meses.
O relatório destaca a responsabilidade humana por ondas recordes de calor, secas, tempestades mais intensas e outros eventos extremos de temperatura vistos pelo mundo nos últimos anos.
Ele também detalha melhor estimativas de quão sensível é o clima a níveis crescentes de gás carbônico e outros gases estufas.
"Nesse específico relatório, eu acredito que essa questão de ser indiscutível que as atividades humanas estão causando a mudança do clima e que essa influência humana está tornando os eventos climáticos extremos, como essas ondas de calor, as fortes chuvas, e as secas, mais frequentes, mais duradouros e mais intensos", disse Thelma Krug, vice-presidente do IPCC, quando questionada sobre o destaque principal do relatório.
Na avaliação do secretário-geral da ONU, António Guterres, o relatório é um verdadeiro "alerta vermelho" para a humanidade e "deve pôr fim" às energias fósseis.
"Este relatório deve pôr fim ao carvão e às energias fósseis antes que destruam o nosso planeta", disse Guterres em um comunicado, após a divulgação do estudo, que alerta para uma aceleração do aquecimento global.
“É preciso pressão em massa”, diz Greta
Após a divulgação do relatório, varias personalidades se manifestaram. A ativista Greta Thunberg destacou que é preciso pressão contra os líderes mundiais.
"Quando estes eventos extremos estão acontecendo, muitas pessoas dizem: 'o que será preciso para as pessoas no poder começarem a agir? Especialmente será preciso uma pressão em massa do público e uma pressão da mídia", disse.
Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima, disse que é preciso "mudar agora e preparar para o impacto. As piores previsões dos cientistas estão se tornando realidade mais rapidamente, e o único nível aceitável de emissões é zero".
"O relatório mostra que não podemos permitir mais atrasos. A crise climática não está apenas aqui, ela está se tornando cada vez mais severa", escreveu John Kerry, enviado especial do clima dos EUA, em sua conta no Twitter.
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