Maioria no Estado aceita perder direitos para garantir emprego
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Para garantir uma oportunidade no mercado de trabalho, a maioria da população no Espírito Santo se dispõe a abrir mão de direitos trabalhistas. O dado foi apontado por uma pesquisa realizada pela Universidade Vila Velha (UVV).
Para o levantamento foram entrevistadas 313 pessoas. O resultado apontou que 88,5% delas aceitariam participar do programa Carteira Verde e Amarela, planejado pelo governo federal. Dessa forma, abririam mão de direitos trabalhistas conquistados para ter uma oportunidade de emprego.
O estudo foi feito por meio de questionário online. Foram entrevistadas pessoas em Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, entre outros municípios. A maioria com nível superior e idade entre 20 e 35 anos. As entrevistas foram feitas de 14 a 24 de maio.
A Medida Provisória 905/2019, que institui o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo foi revogada. Mas o Senado aprovou na última terça o Projeto de Lei 5.228/2019, que institui a Nova Lei do Primeiro Emprego, que traz uma retomada de alguns pontos da MP 905.
De acordo com a Agência Senado, o projeto prevê contrato especial somente para matriculados em cursos de graduação ou de educação profissional e tecnológica que nunca tiveram carteira assinada. A duração desse contrato é de 12 meses.
Para José Carlos Bergamin, diretor da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio), há uma frustração de toda a sociedade, onde os empresários pagam muito, os trabalhadores ganham pouco, e ambos sustentam uma máquina pública cara.
Ele avalia que as profissões foram se modernizando e a legislação não acompanhou. “As pessoas estão querendo trabalho, porque direitos não resolveram”.
Mas destacou que é preciso proteção em relação à saúde e ao bem-estar do trabalhador. “E liberdade, por exemplo, para optar por não receber férias e receber um pouco mais todo mês”.
O professor e coordenador da Empresa Júnior Universidade Vila Velha (Ejuvv) Fabrício Azevedo, responsável pela pesquisa, acredita que a resposta se deu devido aos 14,8 milhões de desempregados no País e a situação econômica. Para ele, em uma situação normal “teria o sentimento de que abrir mão dos direitos é contribuir para o aumento da desigualdade social”.
“Bom projeto para o Brasil”
O gerente comercial e estudante de Administração Roberto Ferreira de Souza, de 32 anos, é um dos entrevistados que participaram da pesquisa.
Ele contou que não se importa em ter alguns direitos trabalhistas reduzidos, se isso contribuir para reduzir também o número de desempregados no País.
“Seguro desemprego, por exemplo, é um direito que tenho e nunca usei”. Ele avalia que o projeto da Carteira Verde e Amarela é um bom projeto para o Brasil.
A PESQUISA
Para o levantamento foram entrevistadas 313 pessoas por meio de questionário online. Os entrevistados são moradores de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, entre outros municípios. A maioria tem nível superior e idade entre 20 e 35 anos. As entrevistas foram feitas de 14 a 24 de maio, pela Empresa Júnior Universidade Vila Velha (Ejuvv), sob a coordenação do professor Fabrício Azevedo.
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