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Economia

Gengibre vira moeda até para comprar carro e casa


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Imagem ilustrativa da imagem Gengibre vira moeda até para comprar carro e casa
Josué Edmundo, de Santa Leopoldina, com suas raízes: “Eu já comprei terra, moto, trator, tudo na base do gengibre” |  Foto: Acervo Pessoal

“O gengibre é para mim o que o real é para você”, afirmou Josué Edmundo Gurtler , 44 anos, de Rio das Farinhas, Santa Leopoldina. Produtor da raiz, ele lembrou que já comprou minitrator, moto e até terreno em troca do produto.

“O terreno eu comprei em janeiro do ano passado e paguei em agosto. A moto também foi no ano passado, e o trator em 2010”. Sobre o preço, ele só revelou o da moto, uma Bros 160.

“Foi tudo na base do gengibre. A moto custou 100 caixas”, contou com toda simpatia. Cada caixa pesa 15 kg. Para este ano, ele estima que irá colher 6 mil caixas. Assim como ele, outros produtores já compraram casa e até carro com o produto.

Trabalhando com a planta desde 1999, Josué acredita que este ano será de supersafra. “O gengibre tem altos e baixos, no ano que dá um preço bom todo mundo planta, no ano seguinte acaba tendo uma supersafra”, avaliou.

Segundo ele, no ano passado uma caixa com 15 kg chegou a custar R$ 150. “Este ano estamos no início da safra e está custando R$ 30”, comparou.

Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o Espírito Santo é o maior produtor e exportador de gengibre do Brasil. Os maiores produtores no Estado são, respectivamente, os municípios de Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins.

Galderes Magalhães, engenheiro agrônomo e agente de extensão do Incaper, explicou que em cerca de 700 propriedades no Estado há produção do legume. “Ao todo são 1.200 famílias envolvidas no processo”.

Sobre a raiz ser usada como moeda de troca, ele explica que é comum nas regiões produtoras. “Há uns 15 dias me perguntaram se deveriam trocar uma Hilux em 2 mil caixas de gengibre”, comentou. “Mas o produtor sabe negociar”, observou.


Riscos
A operação envolvendo a raiz como moeda de troca, claro, está sujeita a riscos. E o risco é para ambas as partes. Isso porque, mesmo quando a compra é feita antecipadamente, o pagamento é feito na colheita do produto.

“No fim do ano, o preço do gengibre acaba subindo mais um pouco e o produtor pode sair no prejuízo”, lembrou o produtor Jonas José Burscher, 29. Mas o contrário também pode acontecer.
 


Produção capixaba


Maior produtor do País

  • O Espírito Santo é o Estado que mais produz gengibre no Brasil. De acordo com o IBGE, a produção no Espírito Santo em 2019 foi de 26.660 toneladas e, em 2020, de 35.940 toneladas.

Municípios

  • Os maiores produtores de gengibre no Estado são, respectivamente, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins. Em todo o Espírito Santo, a produção é feita em cerca de 700 propriedades. São 1.200 famílias envolvidas no processo, que vai desde o preparo do solo até embalar o produto para exportar.

Exportação

  • Cerca de 85% da produção de gengibre é exportada, principalmente para os Estados Unidos, Canadá e países da Europa Ocidental.

Uso

  • A demanda do mercado internacional é para o uso do gengibre na indústria farmacêutica e alimentícia, sendo utilizado em bebidas e como especiaria.

Preço

  • O preço é muito variável. Como a China é o maior produtor mundial, quanto mais ela produz menor fica o preço no Brasil, que em média é de R$ 25 a R$ 50 a caixa de 15 kg. Atualmente está em R$ 25 o convencional e R$ 50 o orgânico.
  • No ano passado, como a China passou por problemas climáticos e também teve a produção afetada pela pandemia, a caixa do convencional chegou a custar R$ 150 e a do orgânico R$ 155.

Origem

  • O cultivo foi introduzido no Estado na década de 1970, por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Santa Leopoldina e agricultores, que juntos foram a São Paulo e trouxeram mudas da planta para cultivar.

Particularidades

  • O processo de produção do gengibre é muito delicado. A mão de obra é praticamente familiar em todas as propriedades. E como existem várias pragas, é preciso intercalar as plantações. Se colheu este ano, por exemplo, a terra deve ser preparada para outras culturas e só depois receber o plantio da raiz novamente.
  • O Incaper está estudando, em parceria com a Prefeitura de Santa Maria de Jetibá, o uso do adubo verde após a colheita, para ver se é possível reduzir esse intervalo de tempo do uso da área de cinco para dois anos.
  • A planta também exige uso de materiais de qualidade e não pode faltar água em sua produção.
  • A cultura é bastante exigente em termos de nutrição.

Colheita

  • A raiz é plantada de junho a outubro. A colheita é feita uma vez por ano, geralmente a partir de maio . Alguns produtores deixam para colher quando o preço está satisfazendo seus anseios e acabam deixando o produto por mais de um ano na terra. No Estado são produzidas as variedades de gengibre gigante e japonesa. No Brasil há cinco variedades.

Qualidade

  • Os agricultores estão se profissionalizando cada vez mais, tanto em estrutura e higienização do produto como em certificações internacionais.

Moeda de troca

  • Em cidades produtoras de gengibre é comum que produtores rurais utilizem a raiz como moeda de troca para a compra de produtos, casas, carros, imóveis, motos, tratores, sistemas de irrigação para a plantação, entre outros.
  • Geralmente, o pagamento é feito na colheita. O risco que se corre é de o preço do produto subir ou cair, dando prejuízo ou aumentando o lucro.
  • Normalmente o produtor usa a raiz como moeda de troca diretamente com o comprador de gengibre, que exporta o produto. Mas também são feitas transações com pessoas que não são do ramo.
Fonte: Incaper e pesquisa AT  

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