Gasolina vai custar até R$ 6,31 a partir de hoje
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A gasolina subiu pela sexta vez neste ano, e o consumidor vai pagar até R$ 6,31 pelo litro do combustível no Estado. Na segunda (08), a Petrobras anunciou o aumento da gasolina em 9,2% e do diesel em 5,5% nas refinarias, que passam a valer a partir desta terça-feira (09). O diesel sofreu o quinto aumento em 2021.
Nas bombas dos postos de combustíveis, esse aumento deve variar entre R$ 0,30 e R$ 0,32. Em Marataízes, no Sul do Espírito Santo, onde a gasolina custa em média R$ 5,99 o litro, de acordo com o portal da Secretaria da Fazenda (Sefaz) – que compara os preços dos combustíveis no Estado –, o preço deve bater os R$ 6,31.
Na Grande Vitória os valores podem variar entre R$ 5,64 e R$ 5,73. Segundo o empresário Anderson Basílio, os postos devem receber os combustíveis com novos preços já nesta semana. Ele afirma que subir o valor não é bom, mas que os consumidores já entendem que os postos fazem parte da cadeia.
“A imagem que se tinha no passado era de que os postos estavam subindo o preço a todo momento. Hoje o consumidor sabe que nós somos uma cadeia e começou a ver com mais clareza depois que a Petrobras passou a comunicar os aumentos. Mas essa mudança de preços é ruim para todos”, disse.
O empresário ainda lembra que o álcool anidro, que compõe a gasolina, também influencia no preço final do produto, já que também passou por reajuste.
As sucessivas altas nos combustíveis tem causado insatisfação de categorias profissionais, como caminhoneiros, motoristas de carros de aplicativos, taxistas e motoboys.
Os motoristas de carros de transporte de aplicativos prometem fazer uma manifestação no próximo dia 17, segundo o presidente da Associação dos Motoristas de aplicativos do Espírito Santo (Amapes), Luiz Fernando Muller.
“Vamos fazer uma paralisação no dia 17, em Vitória. Essa manifestação vai ser feita em todo o Brasil. A ideia é passar em frente à Assembleia, Palácio Anchieta e parar em frente à sede da Petrobras, na Reta da Penha para questionar esses aumentos”, disse.
Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (Sindipostos-ES) disse, por meio de nota, que os aumentos nas bombas dos postos ainda vai depender do reajuste das distribuidoras.
“O posto compra da distribuidora, não compra da refinaria”, destacou. O Sindipostos informou ainda que não é possível precisar de maneira oficial de quanto será o reajuste.
Governo quer acalmar caminhoneiros
O presidente da República, Jair Bolsonaro, quer apresentar uma série de medidas para agradar a categoria dos caminhoneiros, que formam sua base eleitoral e estão bastante insatisfeitos com os constantes aumentos do diesel e ameaçam paralisações.
A ordem no governo federal é acelerar as negociações para conseguir “dar boas notícias” nos próximos dias para reduzir a pressão da categoria, evitando uma possível greve.
Entregas ficam mais caras
A alta dos combustíveis reflete diretamente no preço dos produtos consumidos diariamente pela população, estejam eles nas prateleiras de supermercados, lojas de departamento, etc.
O superintendente do Sindicato das Empresas de Transportes (Trancares), Mário Natali, afirmou que o setor analisa qual poderá ser o reajuste no frete.
“Há uma preocupação do setor com esses aumentos, mas ainda não sabemos qual será o tamanho do reajuste. A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) vai avaliar e nos dar uma posição”, comentou.
Segundo o superintendente da Associação Capixaba dos Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, com mais um reajuste, o frete deve ficar mais caro, o que impacta no preço dos produtos.
“O frete impacta na formação de preços. É ruim para o consumidor. É ruim para o supermercado, pois cai o consumo. Se cai o consumo, diminui a produção. Todo mundo sofre o impacto”, comentou Hélio Schneider.
Refinarias ou abertura do mercado são defendidas
A política de preços dos combustíveis praticada pela Petrobras é muito criticada, principalmente pelo consumidor.
Especialistas apontam que a solução para uma redução no valor dos derivados de petróleo passaria por investimentos em refinarias, ou até mesmo a abertura de mercado.
O economista Marcelo Loyola destacou que o Brasil tem poucas refinarias e, por isso, precisa importar combustível pronto.
“A saída não é imediata. Mas é preciso investir na construção e modernização de refinarias para produzir o próprio combustível. Isso poderia reduzir os custos”, disse.
Eduardo Galveas, assessor de investimentos, acredita que a abertura de mercado poderia ser uma boa saída para a redução do preço dos combustíveis no País.
“A quebra do monopólio da Petrobras seria excepcional. A concorrência poderia trazer melhores preços no setor do petróleo, como acontece em outros segmentos”, argumentou.
Já o economista José Marcio de Barros teme pela abertura de mercado neste momento, pois avalia que a Petrobras está atrás de outras empresas do mundo em relação à tecnologia.
“Evidenciaria que a empresa não é competitiva. É preciso investir em modernização e tecnologia. Hoje há empresas mais eficazes do que a Petrobras na extração do petróleo”, comentou.
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