Chegada da variante delta ao Estado não vai fechar escolas, diz governo
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A identificação de sete casos da variante delta (indiana), apontada como mais transmissível que outras cepas da covid-19, não vai mudar a realidade para estudantes nesse momento do Estado.
O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, ressaltou que considera que não é adequado, diante de qualquer contexto da pandemia, escolher as atividades educacionais como as primeiras a serem suspensas.
Ele afirmou que essa é uma orientação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização das Nações Unidas (ONU).
“Neste momento, não há razões epidemiológicas para manter as escolas fechadas. A decisão que tomamos em julho, sobre manutenção das atividades presenciais obrigatórias, já levava em consideração a possível circulação da variante delta”.
Ele enfatizou que, apesar da confirmação de casos, não há um fato novo para a gestão de risco da pandemia no Estado, já que continua com queda no número de casos, de internações e mortes.
“Vamos seguir a matriz de risco. Caso volte a haver uma aceleração na curva de casos, entre a necessidade de adotar medidas mais restritivas, a opção será por iniciar por atividades de entretenimento, não pela educação”.
Nésio frisou, ainda, que a presença da variante delta não tem apresentado escape vacinal significativo para casos graves e mortes.
Sobre o tema, a Secretaria de Estado da Educação informou que todas as medidas adotadas seguem as orientações das autoridades de saúde.
“As aulas seguem no formato presencial, com presença em sala de aula sendo obrigatória, desde o último dia 26 de julho, podendo permanecerem em formato híbrido alunos com comorbidades, deficiência, lactantes ou gestantes”.
Rio de janeiro
No Rio de Janeiro, onde os casos da variante indiana já avançam, a Secretaria estadual de Educação suspendeu as aulas presenciais na capital e em mais 36 municípios.
Sobre o tema, o secretário afirmou ser um contrassenso suspender as aulas, mas deixar atividades como ensaios de escolas de samba liberados.
“Escolas estão preparadas”, diz Sinepe
Mesmo com a confirmação da circulação da variante delta no Estado, representantes das escolas particulares afirmaram que as instituições estão preparadas para permanecerem abertas, com a adoção de todas as medidas de segurança.
O presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Estado (Sinepe-ES), Moacir Lellis, afirmou que a confirmação de casos da nova variante preocupa a todos, já que ela se mostra mais transmissível e tem infectado muitos jovens no mundo.
“No entanto, independente de variante, as nossas escolas estão seguindo todo o protocolo de biossegurança, que é muito exigente. Além disso, temos reforçado a orientação para que as escolas mantenham esses cuidados”.
Segundo Lellis, nesse momento, não há razão para acreditar em uma mudança nas regras ou suspensão de aulas, já que o mapa de risco que entrou em vigor na última segunda-feira tem 74 municípios no risco baixo da transmissão da covid-19, e apenas quatro em risco moderado.
“Além disso, a vacinação está avançando no Estado, o que contribui para uma maior confiança. Mesmo assim, temos de continuar com os cuidados, usando máscara, mantendo o distanciamento, uso de álcool, entre outros. Por enquanto, as máscaras continuarão na nossa rotina e das escolas por um tempo”.
Suspensão
Já a diretora administrativa e financeira do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes), Noêmia Simonassi, defende que as aulas presenciais sejam suspensas devido à presença da variante.
Noêmia destaca a importância do avanço da vacinação no Estado, mas diz que assim como algumas cidades no Rio de Janeiro, o Espírito Santo devia manter apenas as aulas no formato remoto.
Ela lembra que muitos professores já completaram o ciclo de vacinação, outros aguardam o momento para tomar a segunda dose. Além disso, ressalta que os alunos ainda não foram vacinados.
Saiba mais
Variantes de preocupação
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Por causa da maior capacidade de transmissão, da apresentação de casos graves ou pela possibilidade de escapar da imunidade adquirida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica quatro das variantes do novo coronavírus como variantes de preocupação.
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Para reduzir os estigmas geográficos, a OMS mudou a nomenclatura para facilitar a identificação dessas variantes pelas letras do alfabeto grego: alpha (Reino Unido), beta (África do Sul), gama (Brasil) e delta (Índia). Todas já têm casos registradas no Brasil.
As variantes
Alpha (B.1.1.7)
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Origem: Reino Unido
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Registro: setembro de 2020
Características
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Assim como outras variantes na lista da OMS, entre as características da variante britânica está a maior capacidade de transmissão. Há estudos que apontam que ela é 50% mais transmissível do que a cepa originária de Wuhan, na China. Outros também indicam que ela pode estar associada a uma maior taxa de mortalidade em relação a cepas originárias.
Beta (B.1.351)
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Origem: África do Sul
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Registro: maio de 2020
Características
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A variante sul-africana também é mais transmissível, mas não tanto quanto a alfa. É investigada por um aumento de mortalidade em indivíduos já hospitalizados, fato ainda não confirmado.
Gama (P.1)
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Origem: Brasil
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Registro: Novembro de 2020
Características
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Também é mais contagiosa e há estudos que apontam que tem mais chances de provocar reinfecções que outras cepas.
Delta (B.1.617.2)
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Origem: Índia
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Registro: Outubro de 2020
Características
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Entre as principais características da variante indiana, assim como as outras três variantes que causam preocupação, é a maior velocidade com que se espalha.
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Segundo estimativas, ela é 50% mais transmissível do que variantes anteriores. Com um número maior de infectados, há também maior chance de mais pessoas desenvolverem a covid-19 na forma mais grave.
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Um estudo publicado no fim de junho na revista científica The Lancet também indicou que o risco de internação é maior para uma pessoa infectada pela variante delta do que para outras variantes.
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Outro estudo, publicado em junho no periódico científico Cell, por um grupo de pesquisadores, mostrou ainda que a chance de pegar a covid-19 uma segunda vez é maior com a chegada da variante delta .
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Outra diferença estaria nos sintomas. No caso da delta, os sintomas mais comuns são dor de cabeça, coriza, espirros e dor de garganta – inicialmente, mais parecidos com os de uma gripe comum. O mesmo estudo aponta que sintomas que antes eram muito frequentes, como a perda de olfato (anosmia) e a febre, são menos comuns com a variante delta.
Como se proteger
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Como o Sars-CoV-2 (da covid) se trata de um vírus respiratório, as formas de transmissão são semelhantes, assim como a forma de se proteger também contra ele.
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Assim, o uso da máscara, o distanciamento social e a higiene das mãos são essenciais e devem ser realizados da maneira correta. Além disso, é importante tomar a vacina assim que disponível para seu grupo.
Fonte: Especialistas consultados e Agência O Globo.
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