Bandidos roubam celular e “limpam” contas em bancos
O número de roubos ou furtos de celulares no Estado já ultrapassou os 10 mil este ano, e agora a dor de cabeça aumentou: criminosos estão roubando celulares não por causa do aparelho em si, mas para acessar aplicativos bancários e roubar dinheiro da conta das vítimas.
O especialista em tecnologia da informação, Eduardo Pinheiro, alertou que, das 10 mil vítimas, mil correm risco de terem suas contas bancárias “esvaziadas”.
“Esses usuários não adotaram medidas simples de segurança e assim podem ter deixado seus aplicativos de bancos e plataformas de transações financeiras de fácil acesso para bandidos. Basta lembrar que, na maioria das vezes, o duplo fator de segurança envia para o celular o código que possibilita acessar o aplicativo em caso de esquecimento de senha. Desta forma, o criminoso utiliza o celular da própria vítima para modificar senhas de acesso e conseguir burlar a segurança dos aplicativos de transações financeiras”, disse.
Os casos tiveram origem em São Paulo, mas estão se espalhando pelo País. Em Minas Gerais, por exemplo, uma advogada, que não quis se identificar, foi furtada enquanto almoçava, e horas depois recebeu a informação de diversas transferências bancárias feitas em seu nome para contas laranjas.
“É algo que a população do Estado precisa ter atenção, porque está se espalhando e deve acontecer por aqui também. Os bancos investem muito em segurança, mas o cliente também precisa ter essa preocupação”, explica o consultor em tecnologia e segurança da informação, Paulo Roberto Penha.
O especialista em segurança da informação João Paulo Machado Chamon explica que uma estratégia dos bancos para controlar transferências irregulares foi reduzir a quantidade de saques no período noturno, quando transferências do tipo eram mais frequentes.
“É o que o banco pode fazer para tentar controlar a situação. De resto, a iniciativa de se proteger deve partir do próprio usuário, criando camadas que dificultem o trabalho do golpista, ou mesmo fazendo uso de aplicativos antiroubo de celular, que protegem o aparelho possibilitando que você o controle remotamente, deletando informações e rastreando o celular.”
Providências pela segurança

Para não ter seus dados acessados ou clonados em caso de perda ou roubo do celular, a servidora pública federal Natália Honorato passou a adotar precauções extras em transações virtuais. E até abriu mão de algumas comodidades que a tecnologia poderia lhe oferecer.
“Desativei no aplicativo do meu cartão de crédito a opção de compras online. Nunca deixo a função desbloqueada, e mesmo que precise usar em uma emergência, bloqueio novamente na sequência.”
Sequestro-relâmpago virtual
Outra modalidade de roubo que também está crescendo é o “sequestro-relâmpago virtual”, que é quando a vítima é obrigada a fazer transferências de valores por meio de ameaças de criminosos.
O mecanismo mais utilizado pelos bandidos neste tipo de situação tem sido o Pix, que foi criado pelo Banco Central em 2020 para facilitar a realização de pagamentos. Somente em São Paulo, 63 dos 262 sequestros-relâmpago registrados pela Polícia Civil local neste ano utilizaram o Pix.
Felipe Palhares, advogado e especialista em Proteção de Dados, Tecnologia e Negócios Digitais, explica que os bancos tendem, porém, a devolver o dinheiro neste tipo de situação. “Os bancos devolvem o valor quando é comprovado que a transferência foi feita por meio de coação. Inclusive há instituições que oferecem um seguro específico para esse tipo de ação.”

O Banco Central, responsável pela gestão do Pix, diz que cabe aos bancos a análise da situação e eventuais ressarcimentos aos clientes e que busca aprimorar a segurança com o desenvolvimento do Mecanismo Especial de Devolução.
Segundo o BC, a medida irá padronizar as regras e os procedimentos para viabilizar a devolução de valores nos casos de fraude pelo banco, por iniciativa própria ou por solicitação da instituição de relacionamento do usuário.
Como se prevenir
Proteja o chip
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Esse é o primeiro ajuste, o mais básico. Ele consiste em colocar uma senha no SIM card, o chip da operadora (do contrário, o bandido pode inseri-lo em outro smartphone e ter acesso total à sua linha telefônica).
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No Android, entre em Configurações, Segurança, Bloqueio do cartão SIM e Exigir PIN. No iPhone, clique em Ajustes, Celular e PIN do SIM. Aí você poderá definir uma senha, de quatro dígitos, para o chip.
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Para realizar a configuração, você vai precisar de um código chamado PUK. Ele está registrado num cartão de plástico, que veio junto com o chip da operadora – se você perdeu ou jogou fora, terá de ir até uma loja dela.
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Proteger o chip com senha é absolutamente crucial. Se você não fizer isso, o ladrão consegue invadir praticamente qualquer coisa – incluindo os sistemas de proteção do iOS, do Android e dos bancos.
Proteja o aplicativo de mensagens SMS
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O segundo passo é blindar o próprio aplicativo de SMS, para que ele sempre peça uma senha ou a sua impressão digital – mesmo quando o celular estiver aberto.
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Os celulares da Xiaomi e da Samsung já possuem esse recurso embutido: basta entrar no menu de configurações do aparelho e procurar, respectivamente, o item Bloqueio de Apps ou Pasta Segura.
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Aí você poderá escolher os apps que receberão essa segunda proteção (o aplicativo de SMS geralmente se chama “Mensagens”).
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Em celulares Android de outras marcas que não têm essa função integrada, a melhor opção é instalar o aplicativo Norton App Lock, da empresa de segurança Symantec. Ele não é tão elegante quanto os sistemas da Xiaomi e da Samsung, mas funciona.
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Atenção: depois de instalar o Norton App Lock, você precisa entrar no menu de configurações dele e clicar em Ativar Administrador do Dispositivo. Do contrário, o bandido conseguirá remover o App Lock.
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Quando você abrir pela primeira vez um aplicativo protegido, vai aparecer a opção Manter o Aplicativo Bloqueado na Sessão. Ative esse item, e pronto.
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Tudo isso é para Android. No iOS, não existe uma maneira simples de proteger apps com uma senha secundária.
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