A cada 30 minutos, uma mulher é agredida no Estado
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Diariamente, 52 mulheres são vítimas de violência doméstica no Estado. Os dados são da Polícia Civil e correspondem aos boletins de ocorrência registrados de janeiro a abril deste ano.
Só durante os 120 primeiros dias de 2021, foram registrados 6.312 boletins de violência contra a mulher no Espírito Santo. Ou seja, duas mulheres foram vítimas a cada uma hora. Uma a cada 30 minutos.
A violência abordada nesses números não é apenas a agressão, mas também pode englobar ameaças ou qualquer crime que contenha violência contra a mulher.
De acordo com a polícia, os números relativos ao mesmo período de 2020 são maiores: 6.771. De lá para cá, houve redução de pouco mais de 6% em relação a este ano.
Porém, não há o que comemorar. Isso porque estima-se que haja inúmeros casos que não chegaram ao conhecimento da polícia.
É o que afirma Michelle Meira, gerente de Proteção à Mulher (GPM) da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social.
“Tivemos uma redução. O que não significa que houve um declínio da violência. Pode ter havido uma subnotificação”, explicou.
Segundo a pesquisa “Visível e Invisível – A vitimização de mulheres no Brasil”, divulgada ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, sete em cada 10 casos o autor era conhecido da vítima.
O estudo ouviu presencialmente mais de 2 mil pessoas com 16 anos ou mais, em 130 cidades, entre 10 e 14 de maio. “É um agravamento da violência intrafamiliar”, explica Juliana Martins, coordenadora institucional do Fórum.
Ainda segundo Juliana, a cada minuto, oito mulheres foram agredidas na pandemia. Também indica que o fator econômico deixa a mulher exposta à violência.
“E não são só mulheres da classe mais baixa. Quantas mulheres de padrão social elevado se submetem a várias formas de violência por serem 100% dependentes de seus companheiros e maridos?”, questiona Flávia Brandão, presidente residente do Instituto Brasileiro de Direito de Família ES.
Mas como frear e acabar com essa violência? Para a advogada criminalista Hândala Rocha, é preciso cortar a raiz do problema.
“O Estado deve buscar conscientização das crianças e adolescentes, dentro das escolas, de que a violência doméstica é inaceitável”.
Saiba mais
Violência no Estado
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Nos quatro primeiros meses deste ano, foram registrados 6.312 boletins de ocorrência de violência contra a mulher no Espírito Santo, ou seja, 52 boletins por dia.
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Foram duas mulheres a cada hora indo a uma delegacia denunciar que foi vítima de violência doméstica.
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Segundo Michelle Costa, gerente de Proteção à Mulher (GPM) da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), esses dados são menores do que os registrados durante o mesmo período em 2020.
Subnotificação de casos
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Entre janeiro e abril do ano passado, foram registrados 6.771 boletins.
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Uma queda de mais de 6%.
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No entanto, Michelle afirma que pode ter acontecido subnoticação de casos por causa do receio das mulheres irem a uma delegacia em um momento de pandemia.
Agressores
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Ainda para Michele, as características das agressões que ocorrem no Estado são bem parecidas com o que acontece em nível nacional.
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Ou seja, o agressor, geralmente, é alguém conhecido da vítima, podendo ser o atual companheiro, marido ou ex-companheiro ou namorado.
Estudo nacional
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O estudo “Visível e Invisível - A vitimização de mulheres no Brasil”, divulgado ontem pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que, em sete de cada 10 casos, o autor da violência era conhecido pela vítima.
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A cada minuto, oito mulheres foram agredidas durante a pandemia.
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O estudo ouviu presencialmente mais de 2 mil pessoas com 16 anos ou mais, em 130 cidades, de 10 a 14 de maio.
Perfil das vítimas
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A maior parte das vítimas foi de mulheres separadas ou divorciadas: 35%
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Em segundo lugar, mulheres solteiras (30,7%)
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Em terceiro, viúvas (17,1%)
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Em quarto, casadas, com 16,6%.
Local da violência
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Quase metade das agressões aconteceu dentro de casa (48,8%).
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Quase 20% aconteceu na rua.
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E em torno de 9,4%, no trabalho.
Crise econômica
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A pesquisa mostra ainda que 25% das mulheres afirmam que a perda de emprego e renda e impossibilidade de trabalhar para garantir o próprio sustento são os fatores que mais pesaram para a ocorrência da violência que vivenciaram.
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Enquanto22% destacam que a maior convivência com o agressor também contribuiu.
Falta de autonomia financeira
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Com isso, a falta de autonomia financeira, com a perda de emprego e renda, foi o que mais as colocou em risco as mulheres na pandemia.
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Essa informação joga por terra o que se pensava que a quarentena junto ao agressor era o principal fator da violência doméstica na pandemia.
Fontes: Sesp e Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Os números
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32,8% das mulheres resolveram sozinha o conflito.
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16,8% julgaram que a agressão não era importante a ponto de acionar a polícia.
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15,3% não quiserem envolver a polícia.
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13,4% tiveram medo de represálias por parte do autor da violência.
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12,6% não tinham prova da agressão para acionar a polícia.
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5,6% afirmaram não crer nas instituições policiais.
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2,7% tiveram seu deslocamento dificultado pela pandemia.
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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