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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Virtudes na virtualidade em tempos de isolamento social

| 24/03/2020, 07:05 07:05 h | Atualizado em 24/03/2020, 07:09

O isolamento geográfico é um dado desta realidade virótica. Mas o isolamento social não precisa nem deve ser de total insulamento. Isso porque, vida virtual é vida real, apesar de não presencial. A digitalidade é uma dimensão incorporada à nossa existência que pode e deve ser pautada por laços sociais virtuosos e afetuosos.

Para os gregos, viver é experimentar os sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato). Com as redes digitais, ganhamos um outro “lugar” para experimentarmos nossos sentidos. São os ciberterritórios, cuja “materialidade” é formada por conexões informacionais.

Assim, a virtualidade passou a fazer parte da realidade, agora vivida tanto na presença quanto nas trocas imersivas e interativas do ciberespaço. Este “continente de bytes”, na definição de Muniz Sodré, presta-se ao que este mesmo autor chama de vivência substitutiva, posto que se trata de ambiente em que exercitamos os sentidos, que não todos.

Como neste território temos as mesmas contingências éticas que organizam a vida em presença, vale pensar num viver virtual virtuoso. Algo especialmente importante num momento em que a existência presencial sofre limitações radicais, o que pode, inclusive, impor angústias extras à experiência entre quatro paredes e envenenar ainda mais as redes.

Este pequeno manual de virtudes à virtualidade segue Aristóteles, para quem a virtude é um valor ético-moral em ato, definido racionalmente como uma orientação equilibrada a nos guiar no justo caminho do meio, entre os extremos do excesso e da falta.

Como bem resumiu Comte-Sponville, virtude “é uma disposição adquirida de fazer o bem”.

De pronto, exercitemos as virtudes cardeais, bem resumidas por Santo Tomás de Aquino: “A prudência é a própria retidão racional; a justiça constitui a verdadeira igualdade nas nossas ações; a coragem é 'firmeza de ânimo, (a nossa persistência voluntária)'; e a temperança é o freio ou repressão das paixões (indevidas)”.

Falando desse grupo de virtudes as mais racionais, tomemos cuidado com conteúdos e conexões que alimentem o pânico e nosso estado estrutural de desamparo. Invistamos na racionalidade e na informação comprovadamente científica e jornalística profissional – e sem overdose.

Sigamos com compaixão (colocar-se no lugar do outro, importar-se com sua dor), generosidade (agir com bem-querer, fraternidade e bondade), tolerância (lidar pacificamente com o que não é espelho), responsabilidade (comportar-se com consciência dos resultados pessoais e coletivos de nossas atitudes), humanidade (investir no olhar que enxerga o outro como semelhante, destinatário inequívoco de amorosidade e consideração tanto quanto eu e você).

Oriente virtuosamente suas ações interativas no ciberespaço. Interaja com aqueles que você sentir estarem mais fragilizados. Conecte-se com idosos e acamados. E, acima de tudo, exercitemos a virtude da esperança, afinal, ela é a própria razão do futuro.

José Antonio Martinuzzo é doutor em Comunicação, pós-doutor em Mídia e Cotidiano, professor na Ufes e membro da Escola Lacaniana de Psicanálise de Vitória.

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