Vida saudável na luta contra a doença de Alzheimer
Uma das doenças destacadas na campanha Fevereiro Roxo, o Alzheimer, também conhecida como doença do esquecimento, é uma patologia neurodegenerativa que atua progressivamente no organismo. Manifesta-se a partir de deterioração cognitiva, e a idade avançada é seu principal fator de risco.
A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, causando problemas na memória, no pensamento e no comportamento. De acordo com as projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 1950 e 2025, a população de idosos no País irá crescer 16 vezes contra cinco vezes a população total.
Isso colocará o Brasil, em termos absolutos, como a sexta população de idosos do mundo.
O aumento dos casos de Alzheimer certamente está relacionado ao crescimento da população idosa e à ampliação dos fatores de risco.
A doença de Alzheimer ainda não possui uma forma de prevenção específica. Entretanto, pesquisas mostram evidências a partir de bons hábitos e estilo de vida saudável.
Uma das grandes metas da medicina para as próximas décadas é prevenir a alteração cognitiva relacionada ao Alzheimer, visto que as terapias para reversão dos sintomas demenciais ainda não possuem tanta eficácia.
Por isso, tem crescido o interesse no potencial que os fatores relacionados ao estilo de vida possam ter positivamente no envelhecimento do cérebro.
Um relatório produzido no último ano pela primeira Comissão para Prevenção e Cuidados da Demência da revista científica Lancet chama atenção para os aspectos de vida que precedem a terceira idade.
Uma das principais mensagens é a de que, muito embora o diagnóstico se dê na idade mais avançada, as mudanças cerebrais começam ocorrer anos antes, até mesmo décadas anteriores ao primeiro estágio da doença.
O estudo ressalta a importância do abandono do hábito de fumar, de tratar possíveis transtornos depressivos, de melhorar o contato social e estabelecer prática de atividades físicas regulares.
Estímulos cognitivos são recomendados em qualquer fase da vida. E os estudos já revelam que intervenções não farmacológicas são de suma importância para abordagem no tratamento dos pacientes com quadro demenciais, especialmente para controlar sintomas comuns de agitação e irritabilidade.
Há um estudo recente que, inclusive, associa o Alzheimer à saúde bucal. Portanto, hábitos saudáveis, cuidados com a higiene, exercícios de estímulos cognitivos e uma melhor qualidade de vida são fatores primordiais no combate à doença.
Atualmente, não existem tratamentos disponíveis para curar a doença. Alguns medicamentos podem ajudar a melhorar temporariamente os sintomas de demência. E o uso de sistemas de apoio e intervenções comportamentais não farmacológicas podem melhorar a qualidade de vida.
Isso inclui: tratamento de condições médicas coexistentes; cuidados com a higiene; coordenação dos cuidados entre profissionais da Saúde; intervenções comportamentais; educação sobre a doença e criação de uma equipe de cuidados para suporte.
Fernanda Damiani, médica geriatra