Uso excessivo do smartphone pode levar ao emburrecimento
Estudo recente realizado na França concluiu que, pela primeira vez na história, os filhos estão com QI (Quociente de inteligência) inferior ao dos pais. Para Michel Desmurget, neurocientista responsável pela pesquisa, um dos principais fatores que está contribuindo para esse preocupante fenômeno é o uso excessivo da tecnologia da informação. Essa constatação contraria, pela primeira vez, o efeito Flynn, que consiste na tendência que existe de gerações posteriores possuírem QI mais elevado que as gerações passadas.
A inversão dessa tendência de crescimento do QI pode estar relacionada à dependência, cada vez maior, que a geração atual tem em relação ao uso do computador e, principalmente, do smartphone.
Não é difícil perceber como as pessoas, de um modo geral, se tornaram dependentes do processamento e da memória dos dispositivos eletrônicos, colocando a sua capacidade de raciocínio e de memorização em um plano secundário.
Até a década de 1990, quando os dispositivos informáticos eram escassos, ainda éramos capazes de memorizar 30 ou mais números de telefones, fazer cálculos diversos sem auxílio de calculadora eletrônica, guardar informações de assuntos variados por um grande período de tempo.
Porém, com a virada do milênio e a massificação dos smartphones, as pessoas começaram a se tornar demasiadamente dependentes dessas tecnologias, deixando para segundo plano a capacidade humana de processar e armazenar informações.
Somente isso já seria preocupante, mas ainda existem outros fatores em relação ao uso da tecnologia. Está se tornando alarmante o fenômeno detectado da diminuição do desenvolvimento cognitivo, principalmente nas crianças e nos mais jovens.
A tecnologia apresenta um impacto nas outras atividades do dia a dia, como a qualidade das interações familiares, as tarefas escolares, os cuidados com a saúde e o tempo dedicado à arte, música, contato com a natureza e leitura de livros.
Tudo isso tem sido prejudicado por conta do uso excessivo e fora de hora dos smartphones.
Nas escolas e em casa, percebemos que os nossos jovens não conseguem manter-se concentrados nos estudos, sem desviar a atenção para as interações proporcionadas pelos aparelhinhos eletrônicos de mão.
Isso tem impactado, diretamente, tanto na qualidade do processo de ensino e aprendizagem quanto em outros aspectos da vida desses usuários de menor idade.
Professores, pais e pesquisadores veem tudo isso com grande preocupação. Como frear ou reverter esse processo de emburrecimento e de virtualização, que a tecnologia da informação, os smartphones, a internet das coisas e a inteligência artificial têm causado? Seria possível reverter esse processo?
Enfim, precisamos ficar atentos e debater mais esse fenômeno, sob pena de corrermos o risco de, definitivamente, e de forma irreversível, sermos engolidos e dominados pela inteligência artificial.