Um por todos

A decisão de João Doria (PSDB-SP) de aplicar a primeira vacina ontem gerou mal-estar. Em grupo de WhatsApp de governadores, Wellington Dias (PT-PI) disse que a atitude foi lamentável.

“O entendimento sempre foi o Brasil numa mesma data. Um estado coloca os demais como de segunda categoria”, escreveu.

A insatisfação chegou a Eduardo Pazuello (Saúde), que sentiu confiança para convidar governadores a um ato simbólico hoje.

Offline
Até o fim da noite, Doria não tinha respondido no grupo. Nos bastidores, governadores se dividiram. Alguns dizem ter sido uma atitude previsível do tucano, de explorar politicamente os efeitos do acerto de ter apostado na ciência e na vacina contra o negacionismo de Jair Bolsonaro e seu ministro. Outros endossaram a crítica.

Eu voltei
Na visão de parte do grupo, a ação do governador paulista deu sobrevida a Pazuello. Quem não concordou decidiu ir para o lado do enfraquecido ministro com a justificativa de que devem todos se unir ao plano nacional de imunização.

Fermento
Quem criticou Doria diz que o ato simbólico convocado pelo titular da Saúde para hoje estará maior pela insatisfação gerada. Alguns deles estavam com o mesmo discurso de Pazuello: a vacina é do SUS, não de São Paulo.

Gás
Os gestores estaduais levarão à Anvisa uma demanda para que a autorização do uso emergencial das vacinas produzidas no Brasil pelo Butantan e pela Fiocruz aconteça de maneira mais célere do que foi com as importadas.

Sem parar
A ideia é que não haja lentidão ou mesmo interrupção da vacinação.

F5
Os governadores cobraram e o Ministério da Saúde, criticado pela inação, prometeu implementar um sistema virtual com informações padronizadas e atualizado em tempo real sobre quantidade de vacinas, data de envio e previsão de chegada.

A ver
Por outro lado, ainda causa preocupação a falta de um sistema de cadastramento de quem já tomou a vacina, prometido pela pasta.

Ela
A escolha final por Mônica Calazans como primeira imunizada foi pessoal de Doria, 22h30 da sexta-feira, após analisar sugestões feitas pela Secretaria de Comunicação.

Mudo
Jair Bolsonaro desapareceu das redes sociais após dia histórico para o País, de aprovação das vacinas.

Ueba
Especialistas em Saúde comemoraram as falas na reunião da Anvisa para liberação das vacinas.

Duplo
Os diretores da agência deixaram claro mais uma vez que as duas iniciativas do Ministério da Saúde reveladas pelo Painel na semana passada não fazem sentido: a pasta disse ser inadmissível não usar cloroquina em Manaus e financiou força-tarefa para disseminar sua aplicação nas UBSs da capital amazonense.

Troco
Lembrado durante a votação que significou derrota de Bolsonaro, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta diz que “ainda falta muita água para lavar a alma”, mas que foi “um bom começo”. Ele perdeu o cargo após divergir de Bolsonaro sobre distribuição de cloroquina, que não tem eficácia contra a Covid-19.

Desprovido
“Agora é hora de a sociedade se apropriar da liderança necessária que infelizmente o governante de plantão não tem”, diz Mandetta.

Agenda
O presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), marcou reunião do partido para hoje e a expectativa é que dela saia anúncio de apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara. O partido tem 14 parlamentares.

Cálculo
Caso a costura se concretize, o bloco do emedebista poderá ter ainda mais participação nas escolhas da Mesa Diretora, definidas pela proporcionalidade, minando o poder de negociação de apoio de Arthur Lira (PP-AL).

Block
Apoiador de Baleia, o deputado Junior Bozzela (PSL-SP) foi incluído no grupo de WhatsApp de deputados apoiadores de Lira. “Não irei comungar com um irresponsável que quer aniquilar a nossa democracia”, escreveu, referindo-se a Bolsonaro. E saiu.

Tiroteio
“Imbecilidade de rebanho. Tratamento precoce era não ter apertado 17”. De Marcelo D2, músico, sobre a defesa que Jair Bolsonaro tem feito do uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.