“Toda mãe boa tem de ser má”
Uma vez ouvi de uma mãe durante uma consulta: “Toda mãe boa tem de ser má, se ela quer o bem do seu filho”. Num primeiro momento, eu não entendi a mensagem, mas, depois, fez sentido. Ser má é ser boa.
Quando se tem um filho, a mulher fará de tudo para ser uma MÃE BOA.
Os pais aprendem que não se deve deixar faltar “nada” para os filhos e, assim, tudo é providenciado para o futuro e o sucesso deles: escola, alimentação, saúde, lazer.
Então, cobertos com o mais puro sentimento de amor, os pais trabalharão arduamente para que não falte nada para seus filhos. Isso é feito, num desejo inconsciente de ser uma mãe boa.
Uma crença social, que perdura até hoje, sugere que não se deve privar os filhos de nada, para que eles não fiquem traumatizados e tristes. É desse modo que muitas famílias ainda se relacionam com os seus filhos.
Mas, então, o que significa ser uma mãe má?
Uma MÃE MÁ no sentido que apresento aqui é aquela mãe que não dá tudo aos filhos para que não se tornem indivíduos frágeis e vulneráveis do ponto de vista comportamental.
Uma “mãe má” terá uma visão diferenciada quando ela olha para o futuro do seu filho. Ela conduzirá de forma que seu filho crie recursos necessários para ser um indivíduo de sucesso na vida.
Veja alguns aspectos da “mãe má”:
Ela não aceita o filho ficar horas a fio no computador, mas estabelece um limite de tempo para isso.
Não concorda com a falta de rotina de estudos do filho.
Não suporta desobediências dele.
Não se incomoda se ele tiver algum fracasso.
Mostra insatisfação se seu rendimento escolar cai.
Repreende-o seriamente se agride ou faz algum ataque a um colega.
Não deixa o filho determinar o uso que fará do seu tempo.
Determina tarefas de ajuda na limpeza da casa.
Mostra para ele que toda comida que ela faz é boa.
Ela corrige os comportamentos ruins do filho.
Monitora as saídas do filho: onde vai, fazer o que, com quem, que horas voltará.
Ela não se sente culpada por ser mais enérgica com o filho porque ela sabe o plano que traçou e deixa claro para ele o que espera dele.
Muitos acham que filhos de “mães más” são crianças infelizes. Não, eles não são.
Eles se sentem protegidos e amados e sabem que suas mães estão fazendo o melhor para eles.
A “mãe má” não tem receio de “traumatizar” o filho com uma medida corretiva que tome.
Os filhos poderão sofrer mais é quando se sentirem largados e abandonados. A sensação de não ter importância afetiva para os pais é muito ruim e danosa do ponto de vista de saúde mental.
Na relação com os filhos, é preciso educar de um modo que não fique demasiado permissiva nem seja excessivamente rígida. Contudo, quem tiver alguma dúvida de como agir, é preferível que seja mais firme e restritivo ao lidar com seu filho. Assim, a chance de acerto será maior.
Uma educação com regras e princípios bem definidos será mais eficaz na formação moral, cognitiva e emocional do seu filho. Ele se mostrará mais forte, com maior capacidade de superar desafios e lidar com frustrações, desenvolvendo amor pelos pais e pela família.
Esse filho será uma pessoa proativa e solucionadora das dificuldades que encontrar pela frente.
Logo, ser uma “mãe má” pode ser bom.