Telegram vira refúgio para os negacionistas
Enquanto brasileiros morrem de Covid-19 e Manaus entra em colapso por falta de oxigênio, bolsonaristas migram em massa para o Telegram para criticar a imprensa, apoiar Donald Trump e, sobretudo, divulgar, sem filtro, pudor ou comprovação científica, mensagens negacionistas e mentiras sobre a pandemia.
“O lockdown não ajudou, nem nos ajudará, tratar precocemente é o que devemos fazer”, diz vídeo que desestimula o uso de máscaras. A escolha do aplicativo de mensagens é uma retaliação às políticas de privacidade do WhatsApp (Facebook).
Turma. Blogueiros e parlamentares simpáticos a Bolsonaro criam canais que funcionam como chats.
Vixe. O vídeo é intitulado “Não espere”. Enquanto tiram as máscaras, os participantes dizem: “Queremos respirar”. Participam as deputadas Carolina de Toni (PSL-SC), Bia Kicis (PSL-DF) e Chris Tonietto (PSL-RJ) e a juíza Ludmila Grilo, que viralizou ensinando a burlar o uso da máscara.
CLICK. A juíza de Minas Gerais Ludmila Lins Grilo participa de “clipe” repetindo gesto que lhe rendeu representações no CNJ: tomar sorvete para não precisar usar a máscara.
Sério? No canal de Hélio Lopes (PSL-RJ), o parlamentar diz: “Somente no prédio da Presidência, mais de 200 pessoas contraíram o vírus e se curaram com tratamento precoce”.
Escárnio. Em live que entrará negativamente para a história, Bolsonaro e Eduardo Pazuello se esquivaram de responsabilidade no colapso de Manaus repetindo a tese do tal tratamento. Ah, vale lembrar que os bolsonaristas comemoraram o afrouxamento das restrições no Amazonas.
Risco. Tratamento precoce significa: tomar hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina sem prescrição médica ou sintomas. Não há qualquer comprovação científica de que funcione e é desaconselhado pela comunidade médica.
Bang-bang. Os 130 prefeitos que se reuniram com Pazuello pediram ao ministro o reforço na segurança dos municípios para a vacinação contra a Covid-19. Temem que quadrilhas especializadas no ataque aos bancos possam roubar vacinas.
Plano. O Ministério da Justiça e Segurança Pública irá coordenar a segurança da logística do recebimento, transporte e armazenamento das vacinas, inicialmente com a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Quando as doses chegarem aos estados, as polícias militar e civil passarão a atuar também.
Início I. De acordo com o presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizette, a Saúde informou que a distribuição das vacinas entre os municípios do País será proporcional ao número de habitantes.
Início II. Se estiverem disponíveis 8 milhões de doses (Butantan e Astrazeneca), a expectativa é de cada cidade imunizar entre 4% e 5% da população. No Norte, porém, a conta deve ser um pouco diferente por causa da população indígena.
Calma. Donizette também afirmou à coluna que, embora o sistema de saúde de Manaus tenha colapsado com o avanço rápido de casos de Covid-19, ele não vê a possibilidade de isso acontecer no restante do País.
Cadê? De Antonio Neto, presidente do Diretório Municipal do PDT em São Paulo: “A pergunta que não cala: onde está Paulo Guedes? De tempos em tempos ele some e depois aparece com mais uma previsão em V”.
Pronto, falei!
Sobre participação do ministro em live com Jair Bolsonaro
"Pazuello, cadê o oxigênio para salvar vidas em Manaus? Você esteve lá recentemente, incompetente!”
Joice Hasselmann, deputada federal (PSL-SP)