Professor faz apelo por doação de fígado

Desde que entrou para a fila do transplante de fígado, Heleno da Silva tenta conscientizar as pessoas sobre o tema

Eduardo Maia, do Jornal A Tribuna | 29/07/2022, 14:56 14:56 h | Atualizado em 29/07/2022, 14:57

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/120000/372x236/inline_00120888_00/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F120000%2Finline_00120888_00.jpg%3Fxid%3D367378&xid=367378 600w, Professor de 33 anos que espera fígado na fila do transplante faz apelo por doações
 

Atualmente, a fila de pacientes que precisam de transplante de algum órgão no Espírito Santo é de 1.895 pessoas. O professor da área de Direito Heleno Florindo da Silva, 33 anos, faz parte desse dado e tem feito um apelo para que as pessoas se conscientizem a respeito da doação de órgãos. 

Ele sofreu uma trombose no principal sistema de irrigação de sangue do fígado. Isso fez com que, com o passar do tempo, a doença se transformasse em cirrose. 

“Apesar de ser considerado cirrose, o problema não é devido à bebida, medicamento ou nada disso. Foi o problema de funcionamento mecânico do órgão”, explicou.

Heleno descobriu a necessidade de realizar um transplante de fígado após notar sintomas diferentes no corpo. 

Os principais foram o embranquecimento das fezes e a transformação do tom da pele na cor amarela. 

O professor está na fila do transplante há cerca de 20 dias. De acordo com ele, desde que descobriu que precisava de um novo órgão, tem conversado com muitas pessoas sobre a importância da doação.

“Gostaria que as pessoas tivessem consciência da situação e pudessem ajudar os que precisam. A oferta de órgãos diminuiu em tempos de pandemia. Quando o assunto é espalhado, mais pessoas ficam sabendo e a oferta costuma aumentar”, explicou.

Segundo o coordenador interino da Central Estadual de Transplantes, Leonardo Del-Fini Santiago, a maior importância da doação de órgãos é retirar o paciente necessitado da fila de espera. 

“Muitas vezes o paciente precisa  de rapidez, já que a qualidade de vida dele pode estar prejudicada”, comentou.

Ainda de acordo com Leonardo, é fácil se tornar um doador de órgãos. 

“A pessoa interessada só precisa conversar sobre o assunto em casa. Informar à família. Geralmente, os familiares não conhecem o desejo do doador”, explicou.

“Doação é ato de empatia”

- A TRIBUNA: Qual o problema em seu fígado?

- Heleno Florindo da Silva: Só descobri meu estado quando minha pele começou a ficar amarelada e as fezes esbranquiçadas. Desenvolvi  cirrose por uma falha no funcionamento do fígado. 

- O que precisou fazer a partir disso?

Adequar a alimentação. Excluir o máximo de gordura possível da rotina, já que a bile não está funcionando direito, e ela que faz a digestão da gordura do organismo.

- Quais são seus sintomas?

Como a bilirrubina, que deveria ser eliminada do corpo pela urina, permanece no organismo, minha pele fica amarela. A substância vai para a minha pele e coça 24 horas por dia. 

- Acha que tem chance de conseguir o novo fígado rapidamente?

Espero que sim. Entrei na fila há pouco tempo, mas preciso muito. A doação é um ato de humanidade e extrema empatia. Proporciona alegria e saúde às pessoas. Nunca poderei agradecer à família do doador o bastante.

-  Algum recado para as pessoas que têm dúvidas?

Gostaria de lembrar que um pedaço de quem você ama pode salvar outra pessoa. É a solidariedade mais bonita que pode existir.

Rim lidera fila de espera

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No Estado, são realizados transplantes de rim, fígado, coração e córnea. Neste momento, o rim aparece como órgão que possui a maior fila de espera, com 1.213 pacientes. 

A tabela segue com 653 pessoas precisando de córnea, 21 de fígado e oito aguardando   coração.

Em tempos que a pandemia esteve no auge da contaminação,  em 2020, o Espírito Santo chegou a registrar 273 transplantes, número considerado baixo por especialistas.

Já em 2021, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foram alcançados melhores resultados. O ano passado encerrou com 450 transplantes realizados em terras capixabas. O número para 2022 é promissor. 

Somente no primeiro semestre, já foram registradas 200 doações. O número é quase igual ao alcançado em todo o ano de 2020. 


Saiba mais

Como posso ser doador?

O transplante só é possível pela autorização dos familiares. É fundamental que o doador informe à família, ainda em vida, do desejo de doar.

Tipos de doadores

Doador vivo: Pessoas saudáveis podem doar um  rim, parte do fígado, medula óssea e parte do pulmão.

Doador com morte encefálica: Pacientes em UTI com morte declarada.

Órgãos e tecidos

Podem ser doados coração, pulmão, fígado, pâncreas, rim, córnea, ossos, músculos e pele.

Quem controla?

O diagnóstico é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina.

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde.

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