Procura dispara e número de feiras aumenta 450%
A maior parte da produção de orgânicos no Espírito Santo é comercializada nas feiras destinadas especificamente para este tipo de produto. Para se ter uma ideia, em 2014 na Grande Vitória haviam seis feiras.
Hoje são 27, considerando somente aquelas coordenadas pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seag). A produção de orgânicos no Espírito Santo, em uma situação normal, tem crescimento anual acima de 20%, segundo o coordenador de Agroecologia e Produção Orgânica da Seag, Luciano Fazolo.
Ele explicou que nos últimos seis anos se deu um crescimento expressivo no setor. “Em 2014, tínhamos 100 produtores de orgânicos regularizados no Ministério da Agricultura. Antes da pandemia, esse número chegou a ser maior que 500. Hoje temos 400 produtores”.
Ele defendeu que, assim que a pandemia estiver mais controlada, a produção, sem dúvida, voltará a crescer. E destacou que a comercialização em feiras facilita a vida do consumidor porque elimina intermediários no processo.
No Estado, juntos, produtores certificados e em transição colhem cerca de 12.800 toneladas por mês. Os produtos mais cultivados são frutas e hortaliças. Principalmente banana, laranja, mexerica e morango.
O pesquisador da Embrapa José Antônio Azevedo Espíndola explicou que é coisa do passado julgar se um produto é ou não orgânico pela aparência.
Ele detalhou que hoje em dia, para uma boa parte dos cultivos, já foram observadas determinadas variedades de plantas na natureza que garantem alimentos bonitos e saborosos, de forma que fica difícil saber qual é o orgânico e qual é o tradicional. Ele destacou que a forma mais eficiente de avaliação é o selo.
A produtora rural Selene Ramer Tesch trabalha com orgânicos há 30 anos. Quando começou, eles ainda eram chamados de produtos alternativos.
Ela resolveu ingressar na área, deixando os agrotóxicos, para promover uma vida mais saudável. Além disso, foi incentivada por um pastor da comunidade, que falava sobre os riscos para a saúde envolvidos no uso do agrotóxico.
Ela contou que tem uma agroindústria onde são processados plantas medicinais e temperos. Ao todo, produz em torno de 380 tipos de produtos. “O consumidor que compra o orgânico ajuda a manter o homem no campo com a sua família”, destacou.
Além disso observou que se alimenta com qualidade e colabora com a natureza.
Análise
Carolina Beres
Dra. em Ciência de Alimentos pela UFRJ/ Professora de Nutrição Unesa
“Nutricionalmente não há diferença entre alimentos orgânicos e inorgânicos. O elemento que pode apresentar alguma variação é o fósforo, mineral que é encontrado em maior quantidade em alimentos orgânicos.
Porém ainda há vantagem no uso do cultivo orgânico, devido ao menor uso de pesticidas que são comprovadamente danosos à saúde dos indivíduos e aos benefícios no meio ambiente. O cultivo orgânico faz uso de rodízio de cultura que permite a manutenção da qualidade do solo.
Uma das estratégias utilizadas é promover o plantio de outras culturas mais atrativas para as pragas próximo àquela que se deseja cultivar. Utiliza compostos orgânicos naturais em substituição aos fertilizantes químicos.
Essas ações permitem uma melhoria do solo e a promoção de alimentos com menor quantidade de produtos químicos. A valorização dessas culturas orgânicas estimula o desenvolvimento de fertilizantes e inseticidas naturais que possam ser utilizados na agricultura. “
Saiba mais
No Estado
- No Espírito Santo, são 404 produtores rurais regularizados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Além destes, existem cerca de outros 1.300 que não utilizam produtos químicos nas lavouras, e outros 300 estão em fase de transição (saindo do cultivo tradicional e adotando as práticas de agroecologia e agricultura orgânica).
Colheita
- Juntos, estes produtores (certificados e em transição) colhem cerca de 12.800 toneladas por mês. Os produtos mais cultivados são frutas como banana, laranja, mexerica e morango e hortaliças.
Municípios produtores
- Os principais municípios produtores de orgânicos no Estado são: São Santa Maria (143 propriedades); Cariacica (52 propriedades); Santa Leopoldina (33 propriedades) e Iconha (29 propriedades).
Direito do consumidor
E se o consumidor for enganado e levado a consumir um produto tradicional como se fosse orgânico?
- O advogado Luís Costa explicou que caso consiga identificar a origem do produto, este consumidor poderá fazer uma reclamação formal ao Procon, no intuito de que o estabelecimento preste informações sobre a situação, e ainda, poderá ingressar com uma ação judicial.
- Neste caso, por envolver a necessidade de periciar a produção e o produtor, se for o caso, esta ação deverá ser proposta na Justiça comum, na qual o consumidor será acompanhado por um advogado. Na ação poderá ser requerida indenização por danos materiais pela diferença de valores, bem como danos morais pela deslealdade dos fornecedores.
Fonte: Seag e especialista citado
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