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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Preconceito e sofrimento mental em tempos de pandemia

| 27/05/2020, 06:36 06:36 h | Atualizado em 27/05/2020, 06:40

Vivenciar uma quarentena com todo o recolhimento que a mesma nos impõe (isolamento social e familiar), com mudança ou perda do trabalho, paralisação do ir e vir e a crise econômica que já bate às nossas portas, pode agir como um gatilho em pessoas predispostas a doenças mentais.

Em recente artigo científico publicado pela revista Asian Journal of Psychiatry, abordando a coronofobia e a cronofobia, sob uma perspectiva psiquiátrica, são abordadas alterações ligadas à pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19).

São muitas as ramificações psiquiátricas da Covid-19, entre elas os sintomas clássicos como depressão e ansiedade, que podem envolver pensamento suicida, vivenciados nos consultórios por profissionais de saúde envolvidos nos cuidados relacionados à pandemia.

Também estamos recebendo pacientes com dificuldades de adaptação e de enfrentamento, exacerbação de sintomas psiquiátricos prévios, além de novas doenças.

Algumas pessoas apresentam ataques de pânico, quando não pavor diante da ideia de perder o controle e impedir a contaminação. O medo de contaminar-se com alimentos vindos “de fora” (feira, supermercado, restaurantes), e de ter que ficar “confinado em casa”, acaba levando ao agravamento de sintomas do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).

Outras pessoas têm necessidade compulsiva de estocar alimentos e produtos de limpeza, e há quem manifeste pavor absurdo da morte (tanatofobia), chegando a pensar em apressá-la, já que acredita que irá se contaminar.

No caso da cronofobia, definida como um medo irracional da passagem do tempo e por sentimentos de ansiedade, pânico e claustrofobia, ela tem se manifestado em pessoas psiquicamente mais fragilizadas.

Umas relatam que, ao precisarem ficar em quarentena, por contaminação ou suspeita de contaminação, ficam “contando dias, horas e minutos para que o toque de recolher termine” e o sofrimento passe.

Há, ainda, quem apresenta sintomas psicóticos, principalmente delírios, sem falar nas que passam a fazer uso abusivo de álcool e de substâncias ilícitas.

Algumas chegam a manifestar estresse pós-traumático, com lembranças frequentes, reais ou imaginárias, do sofrimento, além de pesadelos.

Os idosos, por estarem incluídos nos grupos de risco tanto para a contaminação quanto para as complicações, e consequente pior evolução da infecção, são vítimas, com frequência, de preconceito.

O isolamento social, infelizmente, subtrai do idoso sua vida social e familiar, já que ele não pode frequentar atividades religiosas, visitar amigos e parentes.

Para agravar o quadro, no Brasil, a maioria dos idosos tem pouca familiaridade com a internet e o uso de aparelhos eletrônicos, além de acesso precário, no caso da população de baixa renda.

Temos visto, com frequência, nesses tempos de pandemia, uma acentuada piora da saúde (mental e geral) dos idosos, pelas dificuldades de acessar recursos básicos. Em alguns casos, parece haver uma estigmatização da população mais velha (gerontofobia/ageísmo), entrelaçando fobias e pavores diversos.

Maria Benedita Reis é médica psiquiatra e psicogeriatra.

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