Partidos estão em busca de mulheres para as próximas eleições
Com o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais este ano, cada partido terá de ir em busca de sua própria cota de 30% de candidaturas femininas em suas chapas para disputar os postos de vereador.
O percentual, que nas eleições anteriores era dividido entre as legendas que formavam aliança para a disputa, não será tarefa fácil de atingir este ano. Estima-se que as siglas no Estado tenham de ir em busca de 3.564 candidatas para o pleito que ocorre em novembro.
Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que o Estado teve 9.900 candidatos na eleição municipal de 2016 e pouco mais de 3 mil candidaturas do sexo feminino.
Conforme o advogado em Direito Eleitoral Marcelo Nunes, se levar em conta o fim das coligações a tendência é de que o número de candidatos seja 20% maior. “Os partidos terão que lançar sozinhos chapa completa, o que pode dar algo em torno de 12 mil candidatos, sendo mais de 3.500 candidaturas femininas.”
O que pode dificultar ainda mais a vida dos partidos em busca dela é que o TSE endureceu o cerco a candidaturas laranjas de mulheres. Os partidos terão que apresentar autorização por escrito de todas candidatas.
Organização
A presidente estadual do MDB Mulher, Luzia Toledo, conta que o partido já possui 100 pré-candidatas a vereadoras no Estado, resultado de um trabalho de formação e incentivo a elas.
Neuzinha de Oliveira, presidente do PSDB em Vitória e única mulher a se eleger para a Câmara de Vereadores do município, em 2016, quer ser candidata a prefeita e garante que a chapa de vereadores de seu partido já possui mais de 30% de mulheres.
A presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, conta que tem sido intenso o trabalho de formação política com as pré-candidatas, através de um projeto chamado “Elas por Elas”, que visa fortalecer e incentivar mulheres na política.
O deputado estadual Alexandre Quintino, presidente do PSL-ES, contou que na maioria dos municípios onde o partido possui chapa para vereadores, não está ocorrendo problemas para alcançar o percentual de 30%.
Estado é o último em participação feminina
Estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conta que o Espírito Santo possui 4.018.650 habitantes, dos quais 52% seriam de mulheres. A superioridade numérica em relação aos homens, porém, não reflete nos espaços de poder.
O Estado está na última colocação no País em representatividade feminina, ocupando apenas 8,6% do total de cargos políticos no Estado. Os dados são do Mapa Mulheres na Política 2019, elaborado pelo Senado Federal.
“Esse número me incomodou muito, por mais que a gente tenha a vice-governadora, uma senadora, três deputadas federais e três estaduais, praticamente 80 vereadoras, oito vice-prefeitas e quatro prefeitas, ainda é baixa a representatividade em relação aos outros estados da federação”, disse a vice-governadora Jacqueline Moraes (PSB).
Ela foi a primeira mulher a ocupar o posto de governadora, após uma viagem de Renato Casagrande (PSB), em setembro de 2019.
Representatividade
Em 2016, nas últimas eleições municipais, o Estado elegeu quatro mulheres prefeitas, ou seja, apenas 5% do total dos 78 chefes de Executivo que venceram as eleições naquele ano.
Nas principais câmaras da Grande Vitória, a exemplo do restante do Estado, o número de mulheres eleitas também foi bastante reduzido.
Na capital, dos 15 vereadores, apenas Neuzinha Oliveira (PSDB) foi eleita. O mesmo aconteceu em Cariacica. De 19 vereadores, apenas Ilma Chrizostomo Siqueira (PSDB), se elegeu.
Em Vila Velha, dos 17 vereadores apenas três mulheres se elegeram e na Serra foram três dos 21 parlamentares eleitos.
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