O poder da empatia na liderança e gestão de pessoas
Há mais de um ano enfrentamos mudanças drásticas na saúde, na economia, nas relações sociais e no cotidiano das empresas.
Para além da adaptação aos novos formatos de trabalho – home office ou híbrido (presencial e remoto) –, este momento transformou significativamente o olhar das empresas para o futuro.
Em um mundo corporativo mais resiliente, as lideranças têm o engajamento das equipes como um desafio para criar resultados positivos e sustentáveis. Nesse contexto, a empatia tornou-se o atributo principal para a gestão dos colaboradores.
Seguindo alguns fundamentos da professora, pesquisadora e escritora Brené Brown, o exercício prático dessa palavra é assumir a perspectiva do outro, não julgar, reconhecer o sentimento e se comunicar criando conexão com as pessoas. Pode até parecer estranho considerar essas habilidades ao pensar nas relações de trabalho, mas é neste momento que o líder assume o papel ativo no processo.
Ao exercitar essas habilidades, a figura do chefe distante e impessoal, muitas vezes associada à imagem de “sabe-tudo”, dá lugar à inteligência emocional na administração de pessoas. E entender como motivar a equipe diante de um cenário de crise tem se tornado a “prova de fogo” das lideranças no mundo corporativo.
Mas uma gestão empática não é apenas se colocar no lugar do outro o tempo todo, é liderar pela coerência, pelo exemplo, pela comunicação assertiva com os colaboradores, pela produtividade e ética, entregando valores conectados com suas ações. Muitos CEOs entenderam nesta pandemia o significado de engajar os funcionários ao colocar o discurso em prática, apesar do longo caminho que precisa ser percorrido.
Uma pesquisa realizada pela IBM Institute for Business Value (IBV), divulgada este ano, mostrou que 47% dos CEOs globais e 77% dos líderes de alto desempenho entrevistados no mundo estavam preocupados em garantir o bem-estar dos funcionários.
Quando avaliamos os dados do Brasil, esse percentual cai para 40% dos CEOs respondentes da pesquisa. Os números revelam a mudança gradual no processo de formação de líderes brasileiros diante de um mundo drasticamente transformado.
Na era da colaboração e do compartilhamento, acelerada principalmente pelas tecnologias digitais e redes de comunicação, a participação nos processos é cada vez mais valorizada, causando reflexos também nas empresas, que começam a abrir os olhos para uma liderança mais afastada da imagem de chefe e mais próxima das estratégias de empoderamento das equipes, desenvolvimento de soluções e melhorias, criação de modelos inovadores e garantia de resultados.
O início dessa transformação também precisa partir de uma mudança de cultura organizacional, que deve valorizar mais as habilidades pessoais dos seus líderes, principalmente na capacidade deles de estimular os funcionários a expor suas ideias sem medo e de evoluir com essa conexão.
Construir caminhos juntos traz para dentro da organização o sentimento de pertencimento por parte dos colaboradores, fundamental para criar uma cultura de propósito e garantir o crescimento sustentável do negócio.
JACIARA PINHEIRO é CEO e fundadora da Rhopen.