O desagradável mau hálito
O olfato tem ligação com as áreas cerebrais que envolvem a emoção, o aprendizado e a memória, e talvez seja por isso que as lembranças olfativas evoquem emoções.
Certas situações que envolvem a presença de odores repulsivos podem causar desconforto, como é o caso do mau hálito.
Halitose é definida como um odor ruim proveniente da boca, cavidades nasais, seios da face e faringe. Indivíduos que apresentam essa alteração frequentemente sentem-se inferiorizados e rejeitados.
O mau hálito é, portanto, uma alteração capaz de afetar a autoestima e a autoconfiança das pessoas, interferindo negativamente no comportamento social.
As alterações no hálito são manifestações frequentes e constrangedoras. Elas podem ser consideradas como objetivas, quando constatadas por alguém da intimidade da pessoa; ou subjetivas, quando o próprio indivíduo procura ajuda por sentir que tem halitose, embora não comprovada pelo exame médico.
Muitos pacientes que se queixam de mau hálito são halitofóbicos, não tendo qualquer problema físico relacionado ao sintoma.
A grande maioria das halitoses é originária da cavidade bucal. Doenças gengivais, cáries dentárias e próteses mal ajustadas determinam a permanência de resíduos alimentares e favorecem a ação das bactérias gerando componentes sulfatados que determinam um odor desagradável. Inflamações da língua com acúmulo de restos alimentares também podem gerar halitose.
Outras causas de halitose são os pólipos nasais, sinusites e desvios de septos, que impedem a aeração adequada, permitindo o desenvolvimento de bactérias.
É importante salientar que pessoas com amígdalas grandes podem gerar pequenos grumos amarelos e malcheirosos que decorrem da estase de restos alimentares nas criptas amigdalianas. Estas partículas não são responsáveis pelo mau hálito, sendo consideradas normais.
Existem halitoses de origem pulmonar. Elas decorrem de infecções brônquicas, enfisemas causados pelo fumo, abscessos e cânceres.
O aparelho digestivo pode ser responsável pelas alterações no hálito. Doenças do esôfago como tumores, infecções e refluxo gastroesofágico podem produzir halitose.
A bactéria Helicobacter pylori costuma desencadear mau hálito. O tratamento deste patógeno determina igualmente a destruição de outras bactérias da boca, nariz e esôfago, ajudando a melhorar o hálito.
Doenças hepáticas podem produzir um hálito com cheiro de “terra molhada”, principalmente as doenças que causam icterícia, como a cirrose e as hepatites.
Patologias que determinam o acúmulo de substâncias no sangue e que são eliminadas pelos pulmões provocam alterações no hálito. Entre elas, o diabetes melitus que apresenta, quando descompensado, um odor semelhante ao de “maçã assada”. Insuficiência renal pode gerar “hálito urêmico”, provocado pelo acúmulo de ureia no sangue.
Tratar halitose é muito mais simples do que tratar as consequências das desordens psicológicas e do isolamento social causados por ela.