Novo tipo de coronavírus preocupa especialistas
Um estudo divulgado ontem mostra que uma nova variante do coronavírus (SARS-CoV-2) tem sido a responsável pela segunda onda de casos na Europa.
Essa nova cepa tem preocupado especialistas do Estado. Isso porque, segundo eles, a variante pode prejudicar a busca por uma vacina e tratamento.
A pesquisa foi realizada pela Universidade de Basel e Escola Politécnica Federal de Zurique, na Suíça, e pelo consórcio espanhol SeqCovid-Spain. A nova cepa já é responsável por mais de 90% dos casos no Reino Unido.
Os pesquisadores batizaram a cepa de “20A.EU1” e identificaram sua presença em cerca de 80% das amostras analisadas vindas da Espanha.
Pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel explicou que, segundo o que foi apresentado no estudo, não há evidências de que o novo tipo de vírus se espalha mais rápido.
“O estudo também diz que não há nenhuma avaliação que a cepa tenha provocado casos mais graves. Outra afirmação é que outras variantes do SARS-CoV-2 continuam circulando na Europa”. Segundo Ethel, o SARS-CoV-2 tem três tipos de variantes circulando no Brasil.
O doutor em Imunologia e pesquisador do Núcleo de Doenças Infecciosas da Ufes Daniel Gomes ressaltou que ainda não é possível afirmar se as vacinas que estão sendo produzidas poderão imunizar contra a nova cepa.
“Depende de cada vacina, já que cada vacina tem uma formulação diferente. Essas mutações que acontecem no vírus levam alguma alteração em termos de estrutura viral, mas nem todas as estruturas serão alteradas. Se comparamos o vírus original do vírus mutado, eles ainda são muito semelhantes”.
A pneumologista Ciléa Victoria Martins destacou que, caso seja identificado que novas cepas estejam chegando ao País, seria recomendável fechar as fronteiras.
“O vírus tem a capacidade de mutação e disseminação. Quanto mais mutante, mais grave. Quanto mais poder de força, mais agressivo ele será, e pegará todos despreparados imunologicamente”.
O que dizem os especialistas
"Quando há uma mutação do vírus, temos um impacto, já que estamos produzindo vacinas com algumas cepas”
Ethel Maciel, pós-doutora em Epidemiologia
"Com a nova cepa, algumas vacinas não terão a mesma eficácia. Mas esperamos que as vacinas consigam segurar a infecção”
Daniel Gomes, doutor em Imunologia
SAIBA MAIS
Nova variante
- Estudo divulgado quinta-feira (29) mostra que uma nova variante do coronavírus (SARS-CoV-2) tem sido a responsável pela segunda onda de casos da doença na Europa.
- A pesquisa foi realizada pela Universidade de Basel e pela Escola Politécnica Federal de Zurique, na Suíça, e pelo consórcio espanhol SeqCovid-Spain.
- Os pesquisadores batizaram a cepa de “20A.EU1” e identificaram sua presença em cerca de 80% das amostras analisadas vindas da Espanha.
- A nova cepa já é responsável por mais de 90% dos casos no Reino Unido, de acordo com a universidade.
Transmissão
- As análises mostraram que o relaxamento das restrições a viagens durante o verão do hemisfério norte (entre junho e setembro), e o fato de a Espanha ser um importante destino turístico, facilitaram a expansão dessa variedade do vírus.
- Os cientistas também afirmam que o surgimento desta mutação na Espanha durante o verão, estaria ligado a um “evento de superpropagação (quando uma única pessoa infecta muitas outras) entre trabalhadores agrícolas do nordeste do país”.
- A variante teria se espalhado por mais de uma dezena de países europeus, chegando a ser encontrada até mesmo em Hong Kong, na Ásia, e na Nova Zelândia, na Oceania.
Gravidade
- O estudo esclarece que não há indícios de que esta variedade do novo coronavírus seja mais perigosa ou se comporte de forma diferente das outras centenas de mutações identificadas até o momento.
Vacina
- Segundo especialistas, ainda não é possível afirmar se as vacinas que estão sendo produzidas poderão imunizar contra a nova cepa.
- O doutor em imunologia Daniel Gomes explica que na vacinação da influenza (contra gripe) é preciso fazer uma campanha anual, já que todo ano há uma cepa circulando.
- Segundo Daniel Gomes, no caso da Covid, as vacinas em estudo não estão usando uma única estrutura viral. Em geral, são duas ou três estruturas em uma única formulação.
- Para ele, algumas vacinas não terão a mesma eficácia e outras não vão mais conseguir uma resposta protetora, porém, a expectativa é de que as vacinas consigam segurar a infecção.
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