Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Doutor João Responde

Doutor João Responde

Colunista

Dr. João Evangelista

“Não posso ficar doente, doutor!”

| 24/03/2020, 08:26 08:26 h | Atualizado em 24/03/2020, 08:28

Há mais de três décadas, eu venho observando os olhares aflitos de alguns doentes, quando confrontados com a realidade da doença. Adoecer significa sair da ativa, tendo em vista que “paciente” quer dizer “ente passivo”, aquele que não atua ou que ficou para trás.

Através de certas alterações no organismo, a doença exige que o paciente diminua suas atividades diárias. Algumas pessoas adquirem status quando adoecem, ganhando atenção da família, que se desdobra nos cuidados, visando ao seu pronto restabelecimento.

Por outro lado, a sociedade não tolera quebra nos elos da corrente que faz girar o mundo, torcendo o nariz para os doentes e seus atestados médicos. Basicamente, há quatro tipos de pacientes:

Aquele que solicita avaliação médica e exames complementares, querendo saber sobre sua doença e se informando sobre quais condutas deverá seguir. Esses são a maioria.

O que quer saber apenas sobre sua doença, dispensando tratamentos, acreditando que, sendo portador do diagnóstico, ele mesmo irá administrar a patologia, achando um jeito de se curar.

Aquele que tem pavor de se descobrir doente, preferindo não saber nada sobre o que está acontecendo, se contentando apenas com os medicamentos.

Finalmente, temos o paciente que morre de medo, não da doença, mas das consequências sociais que ela pode acarretar.

Recentemente eu consultei um empresário que se enquadra nessa última situação. Entrando na sala, ele se queixou: “Doutor, eu não estou nada bem. Ando sentindo uma dor no lado direito, debaixo da costela, acompanhada por náuseas e uma sensação de empachamento. Tenho observado que esses sintomas são mais frequentes depois das refeições”.

No desenrolar da história clínica, descobri que esse paciente é um grande consumidor de alimentos gordurosos, sedentário e com ascendentes familiares que tiveram pedra na vesícula biliar.

Com a hipótese diagnóstica formada na mente, eu solicitei uma ultrassonografia abdominal, que confirmou minha impressão, mostrando uma volumosa pedra obstruindo a vesícula biliar.

Depois de explicar sobre a natureza hereditária da doença e também lembrar sobre a obesidade, a vida sedentária e a hipercalórica alimentação do paciente, sugeri que ele fosse logo operado, alertando que os seus sintomas poderiam piorar, desembocando numa perigosa inflamação. Embora esse tipo de cirurgia, realizado através de laparoscopia, tenha poucos riscos, observei que o paciente murchou.

Abatido, ele perguntou: “Essa cirurgia é demorada? Vou ter que permanecer no hospital? Quando eu posso voltar a trabalhar? Ai, doutor, minha família precisa tanto da minha saúde!”

Curioso que ele não tenha se dado conta de perguntar sobre o risco anestésico e outras complicações que podem ocorrer numa cirurgia; mas dos efeitos que ela poderia trazer para sua vida profissional.

Esse paciente foi operado e já está trabalhando. Reabastecido de prevenção, ele voltou a encontrar a paz da saúde.

SUGERIMOS PARA VOCÊ: