Moro: longe da milícia e dentro da polarização
Analistas e políticos experientes não deixaram de observar com atenção os movimentos de Sergio Moro nesta semana em que as mudanças na Esplanada e a agenda das reformas lotaram o noticiário. Numa inflexão em sua trajetória, até então contida nas redes sociais, ele bateu de frente com o Psol.
Como Moro não costuma agir sem pensar nem despreza o cálculo estratégico, a leitura é clara: o ministro foi rápido e não hesitou em repelir a (frágil) insinuação de ligação com milícias e ainda aproveitou a chance de polarizar com a esquerda.
Aula. Para seus aliados, Sergio Moro também mostrou aos colegas de Esplanada quais as brigas contra a oposição devem ser levadas adiante e de que maneira: com fatos e fundamentadas em ações e gestos.
Não... Um dia depois de ter sido chamado de “capanga de miliciano” em comissão da Câmara dos Deputados por Glauber Braga (Psol-RJ), Moro escreveu no Twitter “que não gosta desse jogo político”.
...gosta? Em seguida, disse: “No projeto de lei anticrime propusemos que milícias fossem qualificadas expressamente como organizações criminosas. Propusemos várias outras medidas contra crime organizado. O Psol, de Freixo/Glauber, foi contra todas elas”.
Búzios. Os “visionários” (e talvez exagerados) já enxergam a polarização que marcará um futuro não muito distante. Em vez de Bolsonaro versus Lula, será Moro contra Marcelo Freixo.
Stand by. O Exército decide quem será o substituto de Braga Netto na chefia do Estado-Maior na reunião do Alto-Comando na próxima semana. No mesmo encontro, haverá promoção de um general a quatro estrelas. Geraldo Miotto vai para a reserva em março.
Click. Osmar Terra em sua última agenda como ministro, visitando o programa Criança Feliz em Careiro da Várzea (AM). Ele ficou sabendo da demissão pelo Twitter.
Muy... Para Osmar Terra, não faria sentido assumir uma embaixada, como chegou a ser cogitado pelo governo. Além de ter mandato, ele ficaria mais distante de suas pretensões eleitorais: a eleição para o governo do Rio Grande do Sul.
...amigo O Planalto avalia dar um prêmio de consolação a Osmar Terra: uma vice-liderança na Câmara.
Vaca amarela. Do deputado Flávio Nogueira (PDT-PI): “Está havendo uma disputa doméstica no governo, entre Paulo Guedes e Abraham Weintraub. Quem ficar calado vencerá”.
Cilada I. Vinicius Poit (Novo-SP) teve de esclarecer a colegas que não integra nem integrará qualquer frente suprapartidária de oposição ao governo. Faz sentido: o deputado vota sistematicamente com o governo em todas as pautas econômicas e reformistas.
Cilada II. A confusão ocorreu porque Poit topou participar de reunião em São Paulo para “debater a democracia”. Saiu antes do fim e foi surpreendido pela notícia de que os organizadores do encontro formaram a frente, farão ato contra Abraham Weintraub e se encontrarão com Flávio Dino (PCdoB-MA).
Cilada III. “Não existiu isso enquanto estive lá. Se eu soubesse que fariam essa desonestidade, óbvio que nem teria diálogo, muito menos iria a um evento desses. Meu mandato é independente”, diz Poit.
Xi... Quinze dias depois da demissão de José Vicente Santini da Casa Civil, o governo federal ainda não fechou texto sobre mudanças nas regras de utilização de voos da FAB.
Pronto, falei!
"O governo recuou do recuo e irá enviar uma proposta de reforma administrativa. Torço para que a decisão prevaleça. Não podemos mais esperar”.