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Doutor João Responde

Doutor João Responde

Colunista

Dr. João Evangelista

Minha vesícula encheu de pedras

| 05/05/2020, 08:48 08:48 h | Atualizado em 05/05/2020, 08:52

Semanas após ter sido encaminhada para extrair a vesícula biliar, a paciente retornou ao meu consultório. Satisfeita, ela afirmou: “Minha cirurgia foi um sucesso, doutor”.

Nada lembrava a urgência na qual antes ela havia sido atendida: alquebrada pela dor, carregada de aflição, assustada pelo temor e pensando numa possível operação.

Eu havia ficado preocupado com o seu quadro clínico: pálida, vomitando e com forte dor abaixo da costela. Tudo indicava inflamação da vesícula, quase sempre decorrente da presença de cálculos no seu interior.

A vesícula biliar é um órgão situado no lado direito, sob o fígado, cuja função é armazenar e depois liberar bile no duodeno, auxiliando na absorção de gorduras.

Esse líquido amarelo-esverdeado contém colesterol, lecitina, sais biliares e água. Quando ocorre algum desequilíbrio nos seus componentes, a bile se torna litogênica, ou seja, cristais vão se depositando, até formarem cálculos.

Existe um forte componente hereditário no aparecimento dessa patologia. Além disso, obesidade, dietas ricas em gorduras e mulheres brancas e que já tiveram filhos são os mais propensos de desenvolverem a doença.

No momento em que o paciente perde esse órgão, seu fígado trata de criar milhares de pequenas vesículas dentro de si, visando substituir a vesícula. É necessário compreender que a vesícula apenas armazena bile, cabendo ao fígado produzi-la.

A presença de gordura no duodeno faz o fígado contrair a vesícula, que, por sua vez, joga bile naquela parte do intestino. Na ausência da vesícula, o fígado lança bile diretamente no duodeno, digerindo os lipídios que lá se encontram.

É importante entender que a presença de pedra na vesícula não caracteriza uma infecção. Entretanto, com o passar do tempo, esses corpos estranhos acabarão por irritar a vesícula, produzindo uma inflamação chamada colecistite, com indicação cirúrgica.

Pedra na vesícula é apenas o efeito do órgão doente. Caso o cirurgião retire apenas os cálculos, a vesícula irá, com o passar do tempo, fabricar outros novamente. Como o fígado supre a falta da vesícula, o procedimento se torna viável.

É curioso observar que o aparecimento de cálculos na vesícula lembra a formação de pérolas dentro das ostras. Por algum motivo, cristais se precipitam e vão parar no fundo da concha. Com o passar do tempo, forma-se uma valiosa pérola no seu interior. Costumamos dizer que a pérola é a pedra na vesícula da ostra doente.

Antes de finalizar a consulta, lembrei à operada da necessidade de fazer dieta com pouca gordura, evitando, com isso, sobrecarregar o fígado, causando náuseas, acúmulo de gases e diarreia. Além disso, prescrevi medicamentos para auxiliar a digestão.

Antes de sair, a paciente ainda comentou: “Bem que esses cálculos na minha vesícula poderiam ter o valor das pérolas. Se assim fosse, eu teria adiado minha cirurgia, acumulando mais pedras, até que eu pudesse reformar minha casa e trocar meu carro.”

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