"Meu lugar é no céu, mas Deus pode esperar", diz mulher que ficou 70 dias internada com Covid
Em um relato que envolve fé e superação, a assessora parlamentar Vera Lucia Masioli Santos, de 52 anos, falou na terça-feira (11) sobre a experiência de ter ficado 70 dias internada, sendo 40 em coma, em uma verdadeira batalha contra o novo coronavírus (Covid-19).
Nessa luta, aconteceu o que ela chama de milagre. Na última quinta-feira, Vera Lucia recebeu alta e deixou o hospital em clima de festa com direito a ganhar um buquê de rosas vermelhas do marido, o aposentado Marlindo Ferreira dos Santos, 60.
Mesmo curada, ela enfrenta desafios, entre os quais cansaço ao levantar e está reaprendendo a andar, já que seus movimentos ficaram comprometidos.
A Tribuna – Como foram esses dias internada?
Vera Lucia Masioli Santos – Eu venci pela misericórdia de Deus. A equipe foi muito boa, os médicos, o Hospital Evangélico está de parabéns pelo atendimento.
Quando eu cheguei ao hospital achei que iria tomar uma injeção e fosse embora, mas a doutora já me entubou. Os meus dois pulmões foram comprometidos, mais de 50%.
Fiquei em coma, fiz traqueostomia, mas graças a Deus venci essa batalha. Eu tenho muita força.
De onde vem a força para lutar?
Eu tenho muita fé em Deus e a força da minha família foi fundamental. Quando liberaram o meu filho (Victor Masioli Santos) para ir todo dia me visitar, foi uma vitória. Ele me deu a maior força.
O tempo todo meu filho ficou segurando na minha mão, colocando louvor para eu ouvir, fizemos uma corrente de oração. Também recebi o apoio dos outros familiares, amigos, que estiveram juntos em oração, me doaram sangue.
Depois quando eu fui para o quarto, ele ficou duas semanas comigo direto ajudando o fisioterapeuta, pois fiquei sem os movimentos das pernas.
Já está andando normalmente?
Ainda estou fazendo fisioterapia. Já reaprendi a dar os primeiros passos, mas ainda ando com um pouco de dificuldades. Eu tive chikungunya e já estava prejudicando o meu equilíbrio.
Sentiu quais sintomas antes de internar?
Estava sem apetite, com a boca amarga e há três dias com febre alta. Foi quando fui para o hospital, iniciando toda essa batalha.
Confesso que cheguei a pensar que não sairia com vida. Até pedi ao padre para me dar unção no hospital porque eu não estava acreditando que fosse sair dessa, mas por questão de segurança não liberaram por causa da pandemia.
Mas Deus me pegou do fundo do poço, pela unha, e me deu a chance de nascer de novo. Eu estou muito agradecida.
Tem alguma comorbidade?
Em 2014 eu tive câncer de mama, mas fui curada. Quando fui internada estava com sobrepeso, mas emagreci bastante no hospital. Fora isso, não tenho problema de saúde e a doença me pegou na forma bem grave. Os médicos disseram que foi um milagre eu ter sobrevivido. Muitas enfermeiras choraram quando eu saí do hospital.
Durante o tratamento, tomou cloroquina?
Tomei esse e muitos outros medicamentos.
Como foi a festa na saída do hospital?
Me senti uma vitoriosa. Me emocionei quando vi todo mundo lá. A equipe do hospital fez uma roda para eu passar, de cadeira de rodas. Fui muito aplaudida. Foi lindo.
No final da roda tinha uma surpresa. Fiquei sem ver o meu marido por 70 dias porque ele tem maior idade (risos) e me emocionei quando o vi com um lindo buquê de rosas vermelhas.
Cheguei em casa minha nora hidratou o meu cabelo, fizeram minhas unhas... No sábado, fizeram uma carreata em homenagem a minha cura. Estou muito feliz.
Surpresa no aniversário
N
o dia 11 de julho, aniversário de 27 anos do filho, os dois se reencontraram no hospital. “Foi maravilhoso ver que ela estava acordada, ver o brilho em seus olhos e aquele sorrisão, que é sua marca registrada”, contou Victor na época.
Para o filho, a visita ao hospital foi uma injeção de ânimo tanto para ele quanto para a mãe. “Foi um momento especial. Precisava desse momento”, emociona-se..
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