Mais de 100 mortes por dia na “pandemia” de acidentes

Com base nos dados da Terceira Ponte e do trecho da Rodovia do Sol sob concessão, houve uma redução de 42,76% e 41,83%, respectivamente, no fluxo de veículos, tendo como base as médias de fluxo do ano de 2019 e da semana passada |  Foto: Divulgação

O movimento Maio Amarelo é dedicado à conscientização sobre a importância da segurança e da prevenção de acidentes e mortes no trânsito no Brasil. Em tempos de pandemia de coronavírus e de recomendação pelo isolamento social, o tema acaba ganhando menos destaque, mas segue preocupando especialistas.

“Os números da pandemia de coronavírus refletem um cenário nunca vivido, são tristes e assustadores, mas não podemos esquecer outras questões que também causam muitas mortes. No ano passado, segundo relatório do seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres), foram registradas 40.721 mortes no trânsito no Brasil, número que coloca os acidentes como a décima maior causa de mortalidade no País”, lembra Geraldo Dadalto, diretor-presidente da RodoSol, que há 13 anos trabalha na área de engenharia rodoviária e de tráfego.

A diferença significativa, para ele, é que, ao contrário do que infelizmente ainda vivemos diante da Covid-19, a maior parte dos acidentes de trânsito poderia ser evitada com uma combinação eficaz de “vacinas”.

“Investimento em pavimentação e sinalização nas estradas, cuidados com a manutenção do veículo e, principalmente, atenção e mudança de comportamento de todos os agentes que fazem parte dessa rede chamada trânsito podem reduzir consideravelmente as estatísticas, por trás das quais há muitas vidas e histórias abruptamente interrompidas”, afirma.

Geraldo afirma que, com base nos dados da Terceira Ponte e do trecho da Rodovia do Sol sob concessão, houve uma redução de, respectivamente, 42,76 % e 41,83% no fluxo de veículos, tendo como base as médias de fluxo do ano de 2019 e da semana passada.

É preciso respeitar as sinalizações e limites de velocidade nas estradas |  Foto: Divulgação

“O trecho sob concessão é marcado por poucas ocorrências de acidente, principalmente fatais, por conta da estrutura de pavimento, sinalização, dos trabalhos de manutenção e conservação da rodovia, das campanhas de educação para o trânsito e da fiscalização dos órgãos competentes, além da operação da rodovia. Mas é importante frisar que a menor circulação de veículos não pode ser, de forma alguma, justificativa para imprudências, como trafegar além da velocidade permitida e desrespeitar sinalização de trânsito para motoristas e motociclistas”.

E Geraldo ainda completou: “Pedestres, por sua vez, não podem abrir mão da atenção, procurando, por exemplo, as faixas e passarelas para atravessar as vias. Ciclistas também devem seguir adotando equipamentos e comportamento seguro”, ressalta.

Depoimento

“Temos falado muito que o que se estabelecerá pós-pandemia na sociedade é um ‘novo normal’. O que era considerado normal antes desse momento tão difícil e crítico que agora vivemos não mais se adequa. E temos aí lições importantes também para o trânsito.

Enfrentar uma pandemia como essa nos coloca diante da importância do pensar coletivo, do que realmente significa viver em sociedade, numa comunidade. E o trânsito também é isso: o meu comportamento impacta diretamente a rotina e a vida do outro, por vezes gerando morte. Agir com responsabilidade, educar-se, pensar no respeito às normas e às leis de trânsito como forma de preservar os seus e os demais, adotando novas posturas, mais conscientes, zelosas e conjuntas, precisam ser atitudes do nosso “novo normal”.

Sabemos que não é simples, mas esse deve ser nosso objetivo como cidadãos, motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. No trânsito, como na pandemia, ninguém ganha sozinho.”

Geraldo Dadalto é diretor-presidente da RodoSol

Fique atento

1. A maior parte dos acidentes é causada por falha humana, mas existem fatores relacionados a problemas no veículo e a condições das estradas.

2. É importante estar com a manutenção do carro em dia e planejar a viagem levando em conta a conservação e a sinalização das estradas.

3. Em tempos de quarentena, não ache que você pode abusar da velocidade, beber e dirigir, desrespeitar a sinalização, abrir mão do cinto de segurança. Você pode estar colocando em risco sua própria vida e a do outro, além de demandar cuidados hospitalares que podem ser evitados num momento de foco no atendimento a casos de Covid-19.

4. Se o carro ficou parado por muito tempo durante o isolamento, antes de utilizá-lo verifique as condições de funcionamento. Bateria, itens relacionados à sinalização, freios... Tudo deve estar funcionando bem.

5. Esteja atento aos pneus, tanto em relação à pressão quanto ao desgaste.

6. Siga os prazos de troca de óleo de motor. A substituição é periódica e deve seguir sempre as especificações do fabricante do carro.

7. Verifique se triângulo, macaco, estepe e chave de roda estão no lugar certo.

8. Se precisar viajar, redobre cuidados. Busque informações sobre a condição das estradas. Se a via for concessionada, você tem acesso a serviços que garantem uma viagem mais tranquila (pontos de parada para descanso com locais para lavar as mãos e higienizá-las, guinchos e serviço de socorro).

9. Fique ainda mais atento à presença de animais na pista nas rodovias, inclusive em áreas urbanas. O movimento menor gera aumento de animais na pista. Além de preservar a vida dos bichos, você estará cuidando de sua própria segurança.

10. Ao entrar e sair do carro, garanta a desinfecção das mãos, volante, câmbio...