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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Luto coletivo em tempos de pandemia do novo coronavírus

| 16/07/2020, 08:26 08:26 h | Atualizado em 16/07/2020, 08:29

Estamos vivendo dias difíceis. Dias de tristeza e de perdas diversas: saúde, liberdade de ir e vir - por conta do isolamento social necessariamente imposto - trabalho, realização de planos diversos, contato com parentes e amigos e, infelizmente, de vidas, muitas vidas.

Algumas delas de pessoas próximas e, a maioria, de pessoas desconhecidas, que deixam filhos, pais, companheiros e sonhos. A pandemia pelo novo coronavírus (Covid-19) tem trazido mudanças de comportamento social. Já não nos cumprimentamos como antes. Estamos reféns de um inimigo invisível, o que gera angústia e ansiedade.

Não vemos o vírus, porém precisamos nos defender dele constantemente. Isso nos fragiliza emocionalmente. Afinal, se aconteceu com tanta gente, por que não vai acontecer comigo ou com algum familiar?

A perda das certezas nos deixa inseguros, o que pode levar a um luto antecipado, já que o futuro passa a ser uma incógnita, e não sabemos quando essa situação vai acabar.

Na verdade, nunca fomos donos de quaisquer certezas, mas nos amparávamos em um senso geral de presunção de segurança.

Todas essas perdas levam a uma condição de luto generalizado e, ao mesmo tempo, específico. Luto que precisa ser vivido em suas singularidades, para que as perdas sejam simbolizadas e possamos ressignificar os sentimentos e seguir em frente.

Mas como enfrentar esse luto em um momento de imperativo afastamento social? Exatamente quando a pessoa enlutada mais precisa dos familiares e dos amigos próximos, como rede de apoio, esse apoio é dificultado.

Alguns estão vivendo uma crise (a perda de alguém) dentro de outra crise (pandemia Covid-19). Assim como o vírus, invisível aos nossos olhos, a morte tem ocorrido longe dos familiares, e cerimônias de despedida não podem seguir os rituais de antes.

Os abraços, outrora tão comuns nos velórios, não mais são permitidos, assim como está limitada a presença de alguns poucos familiares nos velórios, diferentes em diversas culturas.

Alguns realizam orações, outros discursos de agradecimento. Há quem cante e, em alguns países, as pessoas fazem festa. São rituais que marcam a partida e, ao mesmo tempo, trazem a lembrança da morte aos que ficam.

Em situações de luto, as pessoas podem sentir dores insuportáveis, apresentar sentimentos ambíguos como raiva, injustiça, solidão, impotência, tristeza e desesperança, assim como sintomas de ansiedade, alterações no sono e apetite.

A duração do luto varia de pessoa para pessoa e pode estar relacionada ao tipo de morte: se foi por doença crônica ou algo inesperado, um acidente.

Para amenizar o sofrimento das pessoas enlutadas, alguns lançam mão de velórios e cerimônias religiosas virtuais, para que as famílias e amigos possam se despedir da pessoa querida.

Afinal, como diria o psiquiatra e escritor britânico Collin M. Parkes, autor de vários livros sobre o tema: “O luto é o preço do amor”.

Maria Benedita Reis é médica psiquiatra e psicogeriatra.

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