Jogo duro

As declarações de Paulo Guedes ontem mostraram que devem ser em vão as tentativas de Jair Bolsonaro de tentar colocar ordem na casa. Na terça (27), o presidente fez um apelo aos ministros por um pacto de silêncio.

O compromisso durou menos de 72 horas. O ataque velado do titular da Economia contra Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) pegou mal entre auxiliares do presidente, que acham que a paz entre os dois dificilmente será alcançada.

Ordem
O pedido de Bolsonaro ocorreu após o entrevero de Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), semana passada.

Progresso
A disputa entre Guedes e Marinho estava publicamente adormecida desde o início do mês, na última crise. Nos bastidores, as diferenças seguem como antes.

Me inclua…
Deputados querem que o governo desempate o impasse político que bloqueou a CMO (Comissão Mista de Orçamento) e parou a agenda da Câmara. Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) disputam a presidência da comissão que coordenará a divisão de verbas do Orçamento de 2021.

...fora dessa
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), porém, disse que não pretende interferir. “Tomar lado entre partidos da base não é recomendável”, afirmou, ao Painel. Enquanto isso, nem as regras orçamentárias, etapa anterior à confecção do Orçamento em si, foram aprovadas no Congresso. “É tranquilo votar em dezembro”, diz Barros.

Tá comigo
Os dois grupos dizem que pretendem resolver a questão no voto, o que seria inédito na CMO, onde a presidência e a relatoria se dão por meio de acordo das maiores bancadas da Casa.

Vermelho
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) acionou a PGR para pedir o afastamento de Salles por quebra de decoro. Como mostrou o Painel, ministros e parlamentares não acreditaram na versão de que não foi ele o autor de “Nhonho” para Maia.

Bronca
Em carta aberta à governadora interina Daniela Reinehr (SC), o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, afirmou esperar dela “compromisso com a verdade histórica” sobre o nazismo. Ele reagiu à repercussão provocada pelo silêncio de Reinehr sobre o nazismo.

Opa, opa
Celso Russomanno (Republicanos) abre a propaganda em que divulga seu projeto de auxílio paulistano dizendo que Jair Bolsonaro “lançou o Renda Brasil” para não deixar “toda essa gente de mãos vazias”. Ele se equivoca, no entanto.

Sepultamento
Em setembro, após repercussão negativa de ideias para custear o Renda Brasil, Bolsonaro chegou a enterrá-lo, dizendo que menções ao programa estavam proibidas em seu governo dali em diante.
O projeto, no entanto, continua em discussão, agora com nome de Renda Cidadã, mas com impasse sobre as possíveis fontes de seu financiamento.

Nariz grande
Adversários políticos classificaram a propaganda de Russomanno como fake news.

Na cerca
Bolsonaro gravou vídeo em que pede votos para Paulo Chuchu em sua campanha para vereador em São Bernardo do Campo (SP). “Peço que você dê uma força para o Paulo Chuchu”, diz o presidente na peça.

Gabinete
Chuchu, apelido de Paulo Eduardo Lopes, foi assessor de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e apontado em levantamento do Facebook como um dos principais nomes de esquema de disseminação de fake news pró-Bolsonaro e contra seus críticos.

Melhor não
Em agosto, o Tribunal de Justiça de São Paulo negou recurso apresentado por Chuchu para reaver suas contas no Facebook.

Não pode
Atendendo a uma ação da chapa de Bruno Covas (PSDB), a Justiça Eleitoral de São Paulo suspendeu uma pesquisa que o Instituto Badra, ligado ao candidato Márcio França e ao PSB, divulgaria hoje.

Impedido
Segundo a decisão, o levantamento foi realizado “sem os critérios mínimos previstos em lei” e tinha vício na ordem de perguntas.

Tiroteio
“Ao ofender Maia, Salles agiu como menino mimado de calças curtas. Ao negar a autoria, piorou: agiu como menino medroso”. De Fábio Trad (PSD-MS), deputado federal, sobre a postagem feita no Twitter do ministro do Meio Ambiente contra Rodrigo Maia.