Jéssica Juttel: "Sempre encontre formas de se renovar e lavar a alma”
A paixão pela “Ilha da Magia” não a impediu de seguir rumo ao Rio de Janeiro, em busca do sonho de atuar. A conversa com Jéssica Juttel é sobre isso. E muito mais.
Ela filosofa sobre sua ida de Florianópolis para a Cidade Maravilhosa. “Sou como a água, muito adaptável. Sou como o fogo, que não se deixa esmorecer. Como a terra, que ancora meus passos. E como o vento, que faz cantoria frente ao balançar da vida”.
Mas é na relação com a natureza que a “Manezinha da Ilha”, como se descreve a morena de 29 anos, se renova. “Se eu pudesse dar apenas um conselho, seria o de que você sempre encontre formas de se renovar e lavar a alma. A vida é uma grande caminhada e, para não esmorecer, precisamos nos conectar com a nossa Mãe-Terra”, acredita.
Para a bela que já esteve em “Segundo Sol”, “Verão 90” e na série “O Negócio”, da HBO, o corpo precisa do contato com a natureza. “Somos como a natureza e, assim como ela precisa da chuva para renovar, limpar e semear, nós precisamos do choro, do mar, da cachoeira. Pelos mesmos motivos. E, se você não ajuda seu corpo nesse processo, ele irá reclamar suas dores”, diz.
A decisão de seguir a carreira artística, para ela, foi acertada. O que não significa ausência de obstáculos. “É um caminho árduo, que exige muita paciência. Eu, de certa forma, sempre consegui me manter com a arte, mas sei que isso é uma grande exceção. Nunca pensei em desistir, mas, diversas vezes, me percebia desanimada”, confessa.
E os pontos positivos? “Nesse processo solitário de estar em outro estado, mergulhei no meu autoconhecimento e até hoje busco, diariamente, a minha melhor versão.
Jéssica Juttel - Atriz “Aprendi a escutar mais. Sempre fui comunicativa”
AT2: Você já participou de “Segundo Sol”, Quais as boas lembranças guarda desse trabalho?
Jéssica Juttel: Pude conviver com grandes atrizes e atores, como Adriana Esteves, Letícia Collin, Chay Suede e tantos outros que me ensinaram a observar e aprimorar meu olhar, escuta e minha arte. Quando eu estava lá, pensava: É isso! Essa é a rotina que quero para a minha vida. É importante ter algum lugar onde se quer chegar, pois assim caminhamos e absorvemos cada estímulo que nos leve para a direção certa. A disciplina faz toda a diferença na busca pelo que se almeja.
É vegetariana há muito tempo? O que a levou a optar por isso?
Sim, sou vegetariana há quase um ano e meio. Fiz a transição de forma leve e prazerosa e, por isso, não tive grandes dificuldades. Eu prezo muito pelo veganismo para além da alimentação, pois ser vegana é um ato político e eu quero ir ao encontro dessa militância. Gradativamente, venho mudando meus hábitos e fazendo a transição de tudo aquilo que traz sofrimento em sua existência.
Qual seria seu maior desafio na carreira?
A carreira em si já é um desafio. Viver de arte no nosso País é diariamente desafiador. É uma vontade que precisa vir da alma, para se ter forças para lutar contra um sistema que desestimula. Arte é voz! Arte leva a informação. Arte é vida! Outro desafio seria atuar em outro país e dominar emocionalmente outro idioma.
Qual a palavra que não existe em seu vocabulário, em sua vida?
Pai. Minha mãe se separou grávida e não tive contato com ele.
Sobre a pandemia, como a Jéssica irá sair disso tudo?
Aprendi a escutar mais as pessoas. Sempre fui muito comunicativa e, às vezes, escorregava para a tagarelice. Hoje, me percebo mais apaziguada em diversos momentos. Meu olhar para a periferia, para a desnutrição, as tantas vidas perdidas e o desconsolo nacional se tornou potente e acolhedor.
O que ela diz
“Passarinha”
“Em 2014, eu peguei a minha mala, coloquei dentro dela coragem, vontade, atitude, insistência, paciência, amor e fui sozinha alçar meus próprios voos, bem passarinha que sou. Como canta Liniker: 'coube tudo na malinha de mão do meu coração'. Cheguei no Rio de Janeiro e comecei do zero. Não havia nada em vista, apenas um coração com muita disposição e um olhar esperançoso”.
Saúde
“Tenho minha rotina matinal que não falha um dia sequer: limão em jejum com várias especiarias que vou sempre intercalando (como cúrcuma, guaraná em pó, açaí em pó, canela, ginkgo biloba, maca peruana, gengibre e própolis). Eu não vou escrever 'nunca', para não ser presunçosa, mas quase nunca fico doente”.
Reinvenção
“Eu me reinvento dia após dia. Adoro explorar o desconhecido. Sempre amei a natureza, mas a pandemia me conectou mais ainda com o paraíso. Me aprofundei na yoga, no quesito teoria e prática. Aprendi a escalar e, com isso, subi a pedra da Gávea. Aprimorei minha culinária vegana e agora sou mãe de uma linda horta”.
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