Embaixador venezuelano no Brasil busca reunião após críticas de Lula a Maduro

Para Maduro, o comunicado brasileiro parece ter sido ditado pelos Estados dos EUA

Redação | 30/03/2024, 10:16 10:16 h | Atualizado em 30/03/2024, 11:00

srcset="https://cdn2.tribunaonline.com.br/img/inline/170000/372x236/Embaixador-venezuelano-no-Brasil-busca-reuniao-apo0017401500202403301101/ScaleUpProportional-1.webp?fallback=%2Fimg%2Finline%2F170000%2FEmbaixador-venezuelano-no-Brasil-busca-reuniao-apo0017401500202403301101.jpg%3Fxid%3D768022&xid=768022 600w, Presidente do Brasil afirmou não haver explicação política e jurídica para se proibir um adversário de ser candidato

O embaixador da Venezuela no Brasil, Manuel Vadell, pediu uma reunião com o diplomata Celso Amorim, assessor de relações internacionais do governo Lula, para discutir as críticas do Planalto e do Itamaraty à ditadura chavista, depois que Caracas impediu a inscrição da candidatura da opositora Corina Yoris à presidência, no dia 25.

Corina foi indicada por María Corina Machado, a principal líder opositora da atualidade, para disputar as eleições de 28 de julho, depois de o regime ter barrado Corina de disputas eleitorais por 15 anos.

No ano passado, Maduro tinha se comprometido no chamado Acordo de Barbados, mediado pela Noruega e apoiado por Brasil, União Europeia e Estados Unidos, a realizar eleições livres e justas, com participação da oposição.

O combinado, no entanto, não foi cumprido. Após a força demonstrada por María Corina nas primárias da oposição em dezembro, Maduro ampliou a repressão, prendendo opositores e dissidentes venezuelanos, além de inabilitar a rival e impedir a candidatura de sua sucessora.

Na terça-feira, 26, pela primeira vez desde que Lula voltou ao Planalto, o governo criticou abertamente a ditadura venezuelana, por meio de uma nota do Itamaraty.

"Com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados. O impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial", disse a chancelaria, em nota.

Maduro respondeu com rispidez, também por meio de uma nota da chancelaria. Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil disse que o comunicado parecia "ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos EUA, onde são emitidos comentários carregados de profundo desconhecimento e ignorância sobre a realidade política na Venezuela".

Na quinta-feira, 28, ao lado do presidente francês Emmanuel Macron, Lula disse que o veto à inscrição de Corina Yoris é grave.

"Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato", disse.

No Itamaraty, a avaliação é a de que apesar do tom duro dos comunicados ainda há espaço para diálogo. Em Caracas, a embaixadora Glivânia Maria de Oliveira tem mantido canais abertos com autoridades chavistas.

Agora, a expectativa é que o mesmo aconteceça em Brasília com Vadell e Amorim, o principal emissário de Lula para a crise venezuelana. A reunião ainda não tem data marcada.

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