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Tribuna Livre

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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

Indústria no Brasil e o paradoxo do desenvolvimento dependente

| 30/10/2020, 10:09 10:09 h | Atualizado em 30/10/2020, 10:12

O destino da indústria brasileira, como dizia Caio Prado Júnior, foi prenunciado em 1808, com a abertura dos portos às “nações amigas”, medida que favoreceu a entrada de mercadorias estrangeiras no País com tarifas muito reduzidas (15% ad valorem). Tarifas protecionistas, valorização cambial e a prospecção de lucros advindos da substituição de importações, todavia, agiam como incentivo básico para investir na atividade industrial.

Na década de 1930, investimentos na indústria foram impulsionados para fazer frente ao grande desequilíbrio das contas externas, gerado pela violenta queda do valor do café no mercado exterior.

Com Getúlio Vargas, principalmente na década de 1950, tem-se início um programa essencialmente nacionalista de fomento à produção industrial.

Decerto, esse poderia ter sido um ponto de inversão no modelo de desenvolvimento historicamente implantado no Brasil.

À campanha nacionalista de Vargas seguiu-se uma nova orientação econômica, que se pautou no estímulo ao afluxo de capitais estrangeiros, como meio para corrigir o desequilíbrio das contas externas e promover a industrialização brasileira.

As empresas que se instalaram no Brasil, no entanto, visavam apenas transpor obstáculos às importações a fim de conservar e expandir um mercado que já era deles, transferindo para cá sua produção, ou parte dela.

O efeito imediato da instalação das multinacionais no Brasil foi o esmorecimento progressivo da indústria genuinamente nacional.

Além disso, como os centros de pesquisas das empresas internacionais se localizam nos seus países de origem, as subsidiárias no exterior, como é o caso brasileiro, somente recebem informação técnica em segunda mão, o que até hoje retira de nossos cientistas e técnicos as melhores oportunidades de trabalho de pesquisa, atrelando-os umbelicamente e em dependência completa a seus remotos informadores.

Nos anos 1970, seja para aproveitarem mão de obra mais barata e menos reivindicadora, contornarem problemas de transporte e obstáculos alfandegários, ou para melhor se adaptarem a situações e circunstâncias específicas do mercado local que exploravam, a introdução de multinacionais no Brasil favoreceu de certo modo a convergência de interesses entre o empresariado brasileiro e grupos externos, beneficiando particularmente estes últimos, que passaram a controlar importantes setores da indústria nacional.

A recessão econômica dos anos 1990, a abertura comercial e financeira, a estabilização monetária com a implantação do Plano Real e as elevadas taxas de juros, moldaram o entorno macroeconômico dentro do qual ocorreu o ajustamento industrial brasileiro, refletindo a forte tendência mundial de redução da participação da indústria no PIB global.

Atualmente, ao passo que declinam as ocupações na indústria, aumentam-se expressivamente as dos setores de serviços, como resultado principalmente do fraco investimento no setor industrial e do rápido crescimento das pequenas e médias empresas no País.


Flávio Santos Oliveira é doutor em História pela Ufes.

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