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Doutor João Responde

Doutor João Responde

Colunista

Dr. João Evangelista

Idoso não deve morar sozinho

| 21/04/2020, 07:29 07:29 h | Atualizado em 21/04/2020, 07:34

Amparado pelas filhas, um senhor de idade avançada entrou na minha sala e, com certa dificuldade, sentou-se na cadeira. Eu perguntei: O que posso fazer pelo senhor?

Como ele se manteve silencioso, ouvi o lamento da filha: “Estamos muito preocupados com sua saúde. Ele está morando sozinho. Além dos medicamentos prescritos, ele toma outros, por conta própria. A quantidade dá para encher uma caixa de sapatos. Já não sabemos mais o que fazer.”

Com essa idade, não é arriscado deixá-lo morar sozinho? “Sim, doutor. Mas não é por nossa culpa. Infelizmente, desde que a nossa mãe faleceu, ele insiste viver isolado.”

Observando aquele idoso pálido, magro, desidratado e deprimido, senti compaixão.

Verifiquei a lista dos medicamentos e os exames que havia feito. Descobri um paciente diabético, hipertenso, constipado, deprimido e desnutrido.

Uma das senhoras perguntou: “É grave?” O quadro clínico inspira cuidados, respondi. Seu organismo está enfraquecido.

“O senhor quer dizer que ele está com fome?” Não se trata disso. Anorexia, depressão emocional, dentadura mal ajustada, dificuldades físicas na aquisição e preparo dos alimentos dificultam a alimentação.

“E aí, doutor, os medicamentos estão corretos? ” Apesar de necessárias, muitas drogas aumentam o risco de intoxicação no idoso. Por isso, devem ser reavaliadas com certa frequência.

Em função da morte da esposa, ele está usando calmantes. Esses medicamentos aumentam o risco de quedas e fraturas.

A terceira idade, por si, já favorece o aparecimento de deficiências nutricionais. Como o metabolismo encontra-se diminuído, a anorexia é comum nessa idade.

Também observamos alterações no paladar, modificações no suco digestivo, atrofia da mucosa do estômago e desmotivações existenciais. Esses fatores prejudicam a ingestão e o aproveitamento do alimento. Uma profunda depressão emocional, associada ao seu quadro clínico, havia sepultado sua voz.

Deficiência alimentar aumenta a taxa de mortalidade nos idosos, piorando as doenças concomitantes, comuns na velhice.

Inicialmente o paciente deverá ser internado para recuperar toda essa energia perdida.

Posteriormente, a família deverá se reunir para encontrar um jeito de não mais deixá-lo sozinho.

Com o semblante inexpressivo e os olhos tingidos de desgosto, desabafou: “Estou cansado de viver. Velho não serve pra nada.”

O senhor está enganado, retruquei. O que há de mais sublime no mundo é, também, o que há de mais velho: Deus.

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