Homem usa remédio para causar aborto em companheira durante o sexo e é preso em flagrante
Na noite do dia 14 de novembro, um sábado, T., 32, que preferiu não ter o sobrenome divulgado, teve sexo com um homem, com quem se relacionava desde janeiro deste ano. O homem inseriu na vagina de T. três comprimidos de Cytotec, um medicamento abortivo e de uso restrito do SUS, que a levaram a ter um aborto.
O suspeito foi preso em flagrante no Hospital Salvalus, na Mooca, zona Leste de São Paulo. Com ele, os policiais encontraram outros quatro comprimidos de Cytotec. Ele confessou o crime.
Nesta segunda (23), ele foi denunciado pelo Ministério Público por indução de aborto sem consentimento da gestante, crime cuja pena prevista é de três a dez anos de prisão em regime fechado. Ele foi liberado sob fiança de R$ 10 mil.
O jornal Folha de S. Paulo teve acesso às mensagens enviadas pelo suspeito para T., nas quais ele confessa ter utilizado Cytotec.
Segundo T., o suspeito foi comunicado da gravidez no dia 14 de setembro, logo após o resultado positivo. "No mesmo dia ele veio para minha casa, passou os três primeiros dias aqui, falou de aborto, de procurar uma clínica para isso, de doar a criança. Falou disso tudo, mas, a partir do dia 18 de setembro, pediu desculpas e disse que estava nervoso no começo."
O suspeito se tornou, segundo ela, "um cara ótimo". "Ele fazia tudo, cozinhava, se preocupava com as consultas, ia comigo nos exames, pediu até para escolher o nome do filho. Até o dia 15 de novembro, quando ele matou o meu filho", afirma.
Na manhã de domingo, dia 15 de novembro, T. acordou por volta das 7h com muita dor e, ao usar o banheiro, notou dentro da vagina resíduos do que pareciam ser dois comprimidos. Ela questionou o companheiro, que disse ter inserido nela, durante o sexo, o que seria "viagra feminino".
T. insistiu em ir ao hospital, mesmo diante de reiterada recusa do companheiro. De acordo com ela, o suspeito pediu que ela ficasse em casa e tomasse um remédio para cólica. No hospital, ao ser atendida, um médico constatou que ela estava em processo de aborto. A caminho da sala de parto, ligou para a polícia, que prendeu o suspeito minutos mais tarde.
Na delegacia, ele confessou aos policiais ter inserido três comprimidos de Cytotec na vagina de T. durante o sexo e ter dito que se tratava de um estimulante sexual.
O suspeito, que se disse incomodado pelo fato de que T. queria manter a gravidez, declarou ainda ter adquirido o abortivo pela internet. O crime foi registrado na 8ª DP, no Brás, região central de São Paulo.
O suspeito foi denunciado pelo Ministério Público, e uma medida protetiva foi concedida para impedir que ele se aproxime de T. ou de conhecidos dela.
O crime de indução de aborto sem consentimento da gestante não prevê liberdade sob fiança. No entanto os advogados do acusado entraram com pedido de habeas corpus, e o suspeito foi solto após pagar fiança de R$ 10 mil.
A reportagem buscou entrar em contato com o suspeito, mas foi atendida por uma mulher que se identificou como mãe dele. Ela disse que o suspeito responderia na Justiça e que tinha o direito de não ser condenado pela imprensa "como naquele caso da escola Base". A mulher afirmou ainda que o suspeito e T. tinham um relacionamento aberto e que as pessoas só falam da violência contra a mulher, sem observar a violência contra o homem.
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