Fora da ordem
A tão esperada reestruturação da dívida do Vasco ainda não saiu do papel. Mas não é por incompetência. É mesmo pela falta de recursos financeiros para acordo com credores, algo que faz crescer o que já era assustador. E na fila, cobrando o que fora acordado no meio do ano passado, está o Volta Redonda, que detinha 30% dos direitos econômicos do atacante Marrony, vendido ao Atlético/MG por R$ 20 milhões.
O clube do sul fluminense aceitou não só reduzir sua parte de R$ 6 para R$ 4,6 milhões, como receber o valor em três parcelas. O Vasco repassou R$ 1 milhão no ato da venda ao Galo, prometeu quitar outro milhão em janeiro passado e liquidaria a dívida com pagamento dos R$ 2,6 milhões restantes em julho de 2022.
Porém, ficou acertado em contrato que, em caso de atraso nas parcelas, perderia o desconto inicial.
Ou seja: teria de pagar os R$ 6 milhões a que o Volta Redonda teria direito pelos 30% de Marrony, tirando o R$ 1 milhão repassado no ato da venda.
Como não pagou a parcela vencida em janeiro, o Vasco passou a dever R$ 5 milhões, dinheiro que agora o clube de Alef Manga tenta receber sem ter de acionar a Justiça.
Falência
Este é apenas um caso a ilustrar a penúria de alguns clubes brasileiros - em especial aqueles que não conseguiram equacionar as finanças antes da pandemia. Entenda “equacionar as finanças” como reduzir a proporção entre dívidas e receitas.
Contei aqui no domingo, o drama do Bordeaux, centenário clube francês, já defendido por vários brasileiros, que em meio à luta contra o rebaixamento se viu abandonado pelo grupo investidor.
E a toda hora nos deparamos com “calotes” como este que o Vasco hoje dá no Volta Redonda - não por maldade e falta de respeito. É simplesmente por não ter como cumprir o compromisso.
Pura falta de recebíveis combinada à incapacidade de gestão. Algo que o novo CEO do Botafogo, Jorge Braga, sintetizou em seu parecer sobre a realidade do clube que acaba de assimir. “Se fôssemos uma empresa privada já teríamos pedido a falência.”
Máquina
A goleada de 4 a 1 sobre o Union la Calera, ontem à noite, no Maracanã, na segunda rodada da Libertadores, acrescentou pouco ao que já se sabe sobre o potencial do Flamengo.
O adversário chileno mostrou-se tão frágil e ingênuo em seu sistema defensivo que era jogo mesmo para os rubro-negros fazerem placar histórico. Rogério Ceni tem em mãos, hoje, o time mais competitivo do continente.
A comprometê-lo, só mesmo a atuação na fase defensiva. O que por vezes gera desconforto e desconfiança entre os torcedores.