“Floresta em casa” vira estilo de vida
Viver em áreas urbanas deixou de significar estar afastado da natureza. Prova disso é o “urban jungle”, ou as “florestas em casa”. A prática se tornou tendência na pandemia e os maiores adeptos são os mais jovens.
Segundo Rafaela Casati, proprietária da Sempre Verde, em Vitória, houve um crescimento no interesse pelas plantas por pessoas a partir de 24 anos.
“Nosso público sempre foi mais maduro. Mas, agora, durante a pandemia, tivemos um crescimento da galera mais jovem”, destaca.
Vale de tudo para entrar nessa onda de levar mais verde para dentro da casa ou apartamento: jiboias, samambaias, suculentas e begônias são apenas algumas das plantinhas escolhidas por “pais e mães de plantas” para a decoração.
O publicitário Renan Vermelho, 35, é um desses tutores que possuem praticamente uma “floresta dentro de casa”.
São mais de 400 plantas, entre espécies de colecionador como begonia brevirimosa, begonia maculata, ravenala, ficus lyrata e 20 tipos de maranta.
“Cuidar de plantas sempre foi muito natural na minha família. Mas, durante um período da minha vida, eu dei uma afastada. Há cinco anos, tive esse reencontro e voltei a ser colecionador”, explica o morador de Maria Ortiz, na capital.
Outra adepta do “urban jungle” é a servidora pública federal Luciana Faustini, 45 anos. Ao contrário de Renan, ela começou a cuidar de plantas “para valer” na pandemia.
“Sempre tive plantas, mas durante a pandemia senti a necessidade de estar mais perto do verde”, diz ela, que afirma ter cerca de 200 plantinhas no apartamento onde vive na Praia do Canto, na capital.
Ela completa: “É muito terapêutico colocar a mão na terra e nas plantas. Além disso, traz paz e tira a ansiedade”.
Contudo, antes de começar adquirir plantas, é preciso estar atento a algumas particularidades. “Planta, para mim, é como um animal de estimação. Precisa de cuidado diário e que acompanhe o perfil do dono”, alerta Rafaela Casati.
“É preciso saber o ambiente que a planta vai ficar, pois há aquelas que gostam mais de luminosidade e outras não. Há plantas que precisam de sol pleno, rega diária ou não necessitam ser regadas todos os dias. Não existe receita de bolo”, afirma Rafaela.
Cuidar de plantas ajuda a controlar a pressão arterial
Além de proporcionar o prazer de ter uma casa toda decorada e verde, cuidar de plantas é uma forma de diminuir a pressão arterial e auxiliar em questões como a ansiedade e também a depressão.
“Cuidar de plantas ajuda a diminuir a pressão arterial. Nossa parte emocional é interligada com o sistema vascular. E um dos sinais da ansiedade é a hipertensão”, explica o médico Thanguy Friço.
Segundo ele, isso acontece porque a ansiedade libera o hormônio adrenalina. “Uma das respostas da adrenalina é contrair os vasos sanguíneos, aumentando a pressão. Outra resposta é que ela faz acelerar o coração”, diz ele.
É por isso que cuidar de plantas e ser adepto de práticas como o “urban jungle” trazem benefícios.
“A pessoa acaba diminuindo a adrenalina enquanto mexe com plantas e libera hormônios bons, como serotonina“, complementa.
Para a psicóloga clínica Monique Nogueira, ter contato com plantas é uma prática terapêutica.
“Ter plantas em casa é extremamente positivo. A pessoa vai precisar ter o cuidado com a plantinha e isso estimula o movimento do cuidar, podendo ajudar na depressão e na ansiedade”, explica Monique.
A psicóloga Naira Delboni concorda com esse fator terapêutico das plantas. “Sabemos quanto esse processo da natureza traz calmaria”, ressalta a profissional.
Porém, Naira bate na tecla que essas práticas não substituem os tratamentos especializados. “Por mais gostoso que seja, nada disso substitui o cuidado com a saúde mental com profissionais”, diz.
Monique Nogueira complementa: “Uma pessoa que tem depressão ou ansiedade, em alguns casos, precisa de um psiquiatra, psicoterapia e atividade física”.
Saúde mental
Retorno às raízes
De acordo com o publicitário Renan Vermelho, 35 anos, a dedicação às plantas sempre fez parte da sua vida. No entanto, a correria da vida adulta o afastou da prática.
Esse retorno às raízes surgiu como uma forma de superar questões de saúde mental. “Comecei a fazer terapia porque o estresse da minha profissão é muito alto. Buscando uma resposta para isso, eu achei essa vertente. Preciso disso para poder me reenergizar”, garante ele, que vive em Maria Ortiz, na capital.
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