Mas, segundo o médico, professor e coordenador do Núcleo de Estudos em Saúde, Medicina e Espiritualidade da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Genilson Ribeiro, não é milagre.
Ele afirma que a fé desperta um mecanismo no corpo que transforma as células e ativa a cura. No entanto, a ciência ainda não descobriu como ativar esse dispositivo.
A Tribuna – Qual a relação entre as curas surpreendentes e a fé?
José Genilson Ribeiro – Então, a espiritualidade, no contexto da saúde, cria dois mecanismos. O primeiro é o de aflorar esse mecanismo de enfrentamento, que chamamos de “coping espiritual”.
A segunda é que a religiosidade permite que a pessoa ressignifique o sentido do adoecimento. Portanto, muitos indivíduos buscam a religião e fazem desabrochar dentro de si esse mecanismo de enfrentamento que todos nós temos, que chamamos de fé.
Existe um livro, que chama “A Biologia da Crença”, de Bruce Lipton, que é um biólogo americano, que mostra que aquilo que era chamado de “efeito placebo”, na verdade, é uma força imensa que temos.
Ele afirma que podemos mudar a nossa biologia, que na realidade, os pensamentos, as ideias, podem muito bem agir na membrana plasmática e proteínas das células, transmitindo essas informações para nosso DNA, e novas moléculas são formadas, produzindo a saúde que desejamos. Então, a fé, essa força interior, ativa mecanismo de cura no corpo
Então há uma mudança física mesmo no corpo?
A crença produz uma reação física no nosso corpo, sim. Já está cientificamente provado isso. É um ramo da Biologia que já está sendo muito estudado, a epigenética, que estuda a ação do meio ambiente que modifica a nossa genética.
Antigamente, a gente achava que era o acaso, mas, na verdade, são mutações que ocorrem no dia a dia, a olhos nus. A gente ainda não tem a chave do efeito, a gente consegue quantificar isso só através de questionários que o paciente responde, a exemplo do questionário de dor, em que o paciente dá a escala de dor.
Mas, e quando são crianças?
Descobriram em experimentos científicos que o efeito placebo, não é só do próprio paciente para si próprio, mas terceirizado também. Então, é por isso que nas crianças, o efeito do coping espiritual pode ser através dos pais. A ciência já provou que temos essa capacidade biológica em potencial.